quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Maluda (a outra margem)

Podemos sustentar que o Universo é uma incomensurável rede cristalina, logo, um contínuo geometricamente arranjado.

Lisboa, Maluda 1966.
Imagem: maluda.eu

Pois, de facto, o espaço infinito abriga átomos e partículas subatómicas que se relacionam, congregam, interagem, estabelecendo afinidades, co valências, ligações, tensões, distanciamentos e proximidades, refazendo mundos dentro duma certa arquitectónica em que a matéria (ou a matéria/espírito) se comporta e organiza de acordo com leis que ficam muito além das formulações teóricas conhecidas.

Tejo 16, Maluda, 1971.
Imagem: maluda.eu

Será então pertinente dizer que o Universo – ao mesmo tempo conservador e auto-transformador – contém um ADN matricial cujas peças, repetitivas, não impedem que a estrutura geral e o rigor filético fundamental, que criam a unidade e diversidade da Vida, se enriqueçam.

Lisboa 33, Maluda, 1987.
Imagem: maluda.eu

Esta teleologia, que associo aos conceitos de ontogénese (J. Monod) e de cosmogénese (P.T. Chardin), não será estranha ao sentido e conteúdo de algumas das propostas “geometrizantes” que podemos encontrar na Arte contemporânea.

Tejo 10, Maluda, 1985.
Imagem: maluda.eu

Simetria, simplificação formal, esquematização, etc, são atributos relevantes do processo geométrico. 

Tejo 11, Maluda, 1985.
Imagem: maluda.eu

Segundo certos autores, esta tendência terá como recurso consciente a partir das antiguidades Egípcia e Mesopotâmica.

Lisboa, Maluda.
Imagem: maluda.eu

Surgia da necessidade de compatibilizar o carácter fugaz e complexo da actividade humana que crescia em planos, motivos e categorias simbólicas – com a representação simples e durável dessa actividade.

Lisboa 43, Maluda, 1992.
Imagem: maluda.eu

Quando o cubismo se insinuava no estilo de alguns quadros de Cézanne, os elementos simplificados que o pintor fixava nas suas composições conferiam o poder da síntese e da essencialidade.

Lisboa 26, Maluda, 1983.
Imagem: maluda.eu

Mais tarde, e até aos nossos dias, a componente geométrica é encontrada numa larga panóplia de criadores pictóricos: Robert Delaunay, Mondrian, Malevich, Picasso, Arp, Ben Nicholson, Egil Jacobsen, Vieira da Silva, Vasarely, Kidner, Noland, e tantos outros.

Tejo 06, Maluda, 1975.
Imagem: maluda.eu

Tais artistas representam várias correntes da Arte Moderna, desde o Raionismo ao Suprematismo, desde os Cubismos às Abstrações geométicas e à Op-arte. (1)


(1) Geometria de Maluda: Uma alma fascinada pelas formas, extracto da introducção da entrevista de Hugo Beja a Maluda, publicada na revista Galeria de Arte (Nº 5, Ano 2, Junho/Agosto de 1996)

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