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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O naufrágio do Pensativo

12 de dezembro de 1929

Nessa manhã de inverno, os arrais do mestre Chíco, resolveram que fosse para o mar o Pensativo, o S. Francisco, e também iria o S. José, do Júlio da Filipa. Em terra ficaria encalhado o Portugal, propriedade como o Pensativo e S. Francisco, de Francisco José da Silva (Mestre Chico).

Costa da Caparica, Praia do Sol, 1934.
Imagem: Praia do Sol (Caparica)..., Monografia de propaganda do Guia de Portugal Artístico

Era escuro, e como era vulgar, o chamador andou gritando pelas ruas da povoação chamando os pescadores: "P'ró mar! É pescadores p'ró mar!"

Costa da Caparica, Praia do Sol, cliché João Martins, 1934.
Imagem: Praia do Sol (Caparica)..., Monografia de propaganda do Guia de Portugal Artístico

Dos três barcos, o primeiro a sair foi o S. Francisco que tinha o Cavalinha por arrais, depois o Pensativo e, por último, o S. José.

Menos de uma hora andou o Pensativo ao largo, enquanto o S. José e o S. Francisco se faziam a terra, e uma leve neblina pairava ao longe. Mestre Vitorino escolheu o sítio que lhe pareceu mais sujeito a peixe, e mandou largar a rede.

Começava levemente a clarear, fazia trio, e os faróis do Bugio e do Cabo Espíchel ainda mostravam os seus sinais luminosos. Lançada a rede e dadas mais umas remadas o Pensativo aproava à praia, isolado de tudo e de todos.

O nevoeiro cerca o barco e quando guiados pela espia que ficara em terra procuram voltar à praia, a espia quebra-se!

A tripulação percebeu o perigo. Estavam perdidos. O barco sem governo tornou-se frágil e o leme inútil, e com o seu peso o Pensativo, voltou-se como um barquinho de criança.

Acudam! Socorro! Gritam os náufragos; é enorme a confusão. e o barco fica de fundo para o ar, e sob ele os pescadores lutam para salvar a vida. [...]

Para exemplificar melhor o que era a pesca nessa data, devemos dizer que os verdadeiros e antigos meia-lua, tinham 22 homens de tripulação, assim distribuídos:

na proa, dois remos com três homens cada (estes remos como é de calcular, não podiam trabalhar em paralelo, em face do seu comprimento) e os três pescadores nestes remos classificam-se por punho, ajuda e forro; depois, nos remos da "fraquinha", mais dois homens em cada, chamados punho e ajuda; a meio, outros dois remos, com dois homens cada um;à ré, os últimos remos, com quatro homens divididos, dois por cada remo; na popa, iam ainda, o caIador, o arrais e o espadilheiro; à proa, o sota, que era o homem da vara, num total portanto de vinte e dois homens.

Costa da Caparica, Praia do Sol, cliché João Martins, 1934.
Imagem: Praia do Sol (Caparica)..., Monografia de propaganda do Guia de Portugal Artístico

Nesse dia de 12 de Dezembro de 1929, o Pensativo levava apenas vinte homens, sendo seu arrais, o conhecido pescador, Vitorino José, homem conhecedor e para quem o mar da Costa de Caparica não tinha segredos. [...]

Para o relato ser quanto possivel completo, devemos dizer que os barcos quando vão para o mar, deixam ficar em terra uma corda com a qual puxam a rede que vão lançar e pela qual o barco é orientado para vencer a ressaca.

Costa da Caparica, Praia do Sol, 1934.
Imagem: Praia do Sol (Caparica)..., Monografia de propaganda do Guia de Portugal Artístico

Na ponta dessa corda, fica enterrada na praia uma recoveíra ou estaca, como lhe queiram chamar, onde de noite é colocado um candeeiro para, como farol, indicar ao arrais, onde está a ponta da corda pela qual se deve dirigir para terra.

Naquele tempo todas as artes tinham pelo menos, duas redes e as respectivas cordas: as mais usadas eram para serem servidas no verão em que o tempo é melhor, e não há tanta maresia ou corso, como dizem os pescadores, e as mais novas, no Inverno, por causa do que apontámos anteriormente.

Costa da Caparica, Praia do Sol, 1934.
Imagem: Praia do Sol (Caparica)..., Monografia de propaganda do Guia de Portugal Artístico

Outro pormenor interessante é quando o barco aproa a terra salta o arrais, e, é colocada uma fateíxa na ponta de um cabo e enterrada na areia.

Se a maré enche, fica um homem a bordo ou em terra que vai puxando o barco. Se a maré vasa, o barco fica em seco e portanto não ê preciso ficar alguém para o puxar.

Mas, voltando ao Pensativo, devemos dizer que por motivos que ainda hoje se desconhece não se encontra justificação como a corda nova rebentou quando o barco vinha para terra na crista de um vagalhão.

Costa da Caparica, Praia do Sol, 1934.
Imagem: Praia do Sol (Caparica)..., Monografia de propaganda do Guia de Portugal Artístico

Dizia-se nessa data, e ainda hoje a dúvida existe, que a corda fora picada, isto é, tinha sido cortada de propósito. [...] (1)


(1) Correia, António, Subsídios para a História do Concelho de Almada, Almada, Câmara Municipal de Almada, 1974.

Imagens: Praia do Sol (Caparica): estância balnear de cura, repouso e turismo, Monografia de propaganda do Guia de Portugal Artístico, 1934, M. Costa Ramalho, Lisboa.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

John Cleveley Junior e o Tejo, 1775

John Cleveley era filho do carpinteiro naval e pintor de Deptford John Cleveley (c. 1712 - 1777)  e irmão gémeo do aguarelista Robert Cleveley (1747 - 1809).

Vista do Tejo e do Forte de S. Lourenço, Bugio Castle, the Tagus, John Cleveley Jnr, 1775.
Imagem: Bonhams

John Cleveley Junior atraíu a tenção de Paul Sandby, mestre de desenho em Woolwich, que lhe deu aulas.

Expôs pela primeira vez Free Society em 1767 e depois na Royal Academy em 1770.

Pescadores no Tejo, Fishermen at work off the mouth of the Tagus, John Cleveley Jnr, 1775.
Imagem: Bonhams

Em 1772 foi o desenhador da expedição de Sir Joseph Banks's às ilhas Hébridas, Orkneys e Islândia e, em 1773, acompanhou a expedição de Phipps na procura da rota norte para a India, que pouco mais avançou que a de Spitzbergen.

Vista do Tejo e da Trafaria, The river Tagus at Trafaria, John Cleveley Jnr, 1775.
Imagem: Bonhams

A sua visita a Portugal parece datar-se entre agosto de 1775 e janeiro de 1776 e um volume de trinta e sete desenhos intitulado Views round the Coast and on the River Tagus (Sotheby's 17 Nov 1983, lot 51) apresenta essas datas.

Vista do Tejo tomada de Belém, Bellisle looking down the Tagus, John Cleveley Jnr, 1775.
Imagem: Bonhams

Esta viagem forneceu-lhe os temas para as suas exposições na Royal Academy em 1777 e 1778 [...] (1)

The Praҫa do Comércio Lisbon, John Cleveley Jnr, 1775.
Imagem: Bonhams


(1) Bonhams

terça-feira, 21 de outubro de 2014

SFUAP, origens, teatro e escola

Sociedade Filarmónica União Artística Piedense, desde 1889.

Cova da Piedade, piscina da Sociedade Filarmónica União Artística Piedense, c. 1970.
Dimensões, em metros: comp. máx., 25; larg. máx., 21; larg. mín., 16; prof. mín., 1,20; prof. máx., 5,40; alt. máx. das pranchas de salto, 15.
Imagem: Delcampe, Bosspostcard

A Sociedade Filarmónica União Artística Piedense é a segunda mais antiga do concelho, e foi fundada a 23 de outubro de 1889.

Sociedade Filarmónica União Artística Piedense, 23-10-1889.
Imagem: AVM

Foram seu fundadores: Domingos da Saúde, Daniel Andrade, José António Gomes, António Pais Padrão, Manuel Tavares, António Xavier de Araújo, Carlos Ayrens [Ahrens], António Pedroso, Francisco Caramelo e Artur Ferreira Paiva.

Decorridas algumas semanas foi inaugurada a primeira sede instalada no sul do Jardim Público da Cova da Piedade, na chamada "Casa do Freitas". (1)

As origens desta colectividade remontam à velha colectividade "Sociedade Filarmónica União Artística do Caramujo" *  [...] com sede na Rua Direita do Caramujo.
* Sociedade Filarmónica 23 de Julho Caramujense, c. 1876, cf. Centro de Arqueologia de Almada, Cova da Piedade, Património e História, Cova da Piedade, Junta da Freguesia, 2012.
Neste local funcionou também o antigo "Theatro do Caramujo".

Por volta de 1890, fundava-se o "Theatro Almeida Garrett", também conhecido por "Theatrinho na Cova da Piedade" [...]

Situado onde hoje está instalado o actual Cine-Teatro da "Sociedade União Piedense", tinha sido antes uma adega, propriedade de Pompeu Dias Torres, dono do "Hotel Club" e da maior parte dos terrenos da comunidade piedense. [...]


Hotel Club da Cova da Piedade
Imagem: Flores, Alexandre M., Almada antiga e moderna, Freguesia da Cova da Piedade

José Joaquim Correia, ao instalar naquele local uma casa de pasto, que passou a ser conhecida pelo "75", teve a feliz ideia de aproveitar a retaguarda para montar o teatro.

Para isso foi constituída uma sociedade por acções populares, de que foram principais accionistas: António José Gomes. José Joaquim Correia, José Vicente Gomes Cardoso, Joaquim Caetano Veríssimo, José Figueiredo, Manuel Marques "das C"aeiras", Joaquim José Vieira, Sargento Paulo (dos torpedeiros), António Vicente Pais Padrão (industrial corticeiro), mestre António Maria Ribeiro, Carlos Ahrens, António Gonçalves, Joaquim Gonçalves e Alfredo Sandeman.

O primeiro espectáculo no "Theatro Garrett" foi composto pelo drama "O Gaspar Serralheiro" e a comédia "Por causa dum clarinete". [...]

Cova da Piedade, Cine-Teatro da Sociedade Filarmónica União Artística Piedense.
Imagem: Flores, Alexandre M., António José Gomes: O Homem e O Industrial

António José Gomes comprou o referido edifício em 1898 e alugou-o à Sociedade Filarmónica União Artística Piedense (desde 1901), com a renda mensal de 10$00 [sic] a troco de uma quota associativa daquele. Consta que a casa foi alugada por António José Gomes a um cunhado seu, Carlos Ahrens (também fundador da S.F.U.A.P.), na condição da colectividade manter a Banda Filarmónica. [...]

Alguns anos mais tarde, face às inúmeras carências de instrução que afligiam a população, a colectividade enveredou pela instrução, criando uma escola primária [na antiga Cardosa do Caramujo, actual rua Tenente Valadim,] com aulas diurnas para as crianças (na sua maioria, filhos de operários cortíceiros) e nocturnas para adultos. [...] (2)

Alunos da Escola União Piedense, inaugurada em outubro de 1904 na Cardosa.
Imagem: Flores, Alexandre M., António José Gomes: O Homem e O Industrial

[...] Três semanas após a abertura desta escola, as aulas tinham uma frequência de 110 alunos, lecionados pelo saudoso professor José Martins Simões. Esta obra realizou-a o esforço de alguns ardorosos sócios. A escola possuiu um estandarte próprio, que era o enlevo da garotada, e um grande benemérito desta terra, que foi António José Gomes, de tal modo perƒilhou esta obra, que vestiu mais uma centena de alunos, dando-lhes um ƒardamento.

Os filhos da Piedade, que hoje são homens, devem a esta escola a instrução que disfrutam! António José Gomes patrocinou a escola que aquele punhado de homens criou, e sendo exígua já a capacidade das salas da Sociedade para a regular frequência escolar, edificou aquele benemérito a escola situada na Avenida que tem o seu nome e que é a melhor de todo o concelho!

António José Gomes, década de 1890.
Imagem: Flores, Alexandre M., António José Gomes: O Homem e O Industrial

Este estabelecimento de ensino, foi. pois inspirado pela iniciativa que teve o seu campo de ensaio — e que profícuo ensaio! — na Sociedade Filarmónica União Artística Piedense. (3)

Escola Primária António José Gomes, inaugurada em 1911, projecto do arquitecto Adães Bermudes.
Imagem: Flores, Alexandre M., António José Gomes: O Homem e O Industrial


(1) Correia, Romeu, Homens e Mulheres vinculados às terras de Almada, (nas Artes, nas Letras e nas Ciências), Almada, Câmara Municipal de Almada, 1978, 316 págs.

(2) Flores, Alexandre M., António José Gomes: O Homem e O Industrial (1847 -1909), Cova da Piedade, Junta da Freguesia, 1992, 175 págs.

(3) Dias, Jaime Ferreira, citado em Flores, Alexandre M., António José Gomes: O Homem e O Industrial (1847 -1909), Cova da Piedade, Junta da Freguesia, 1992, 175 págs.

domingo, 19 de outubro de 2014

Caderno de Charles Landseer, 1825

Filho de John Landseer (1769 - 1852) e Jane Potts (1773/4 - 1840), Charles Landseer nasceu em 1799 em Londres, Inglaterra. Aprendeu com o pai, gravador e arqueólogo, suas primeiras lições de desenho.

Vista de Belém e Almada tomada de Cascais, Charles Landseer, 1825.
Imagem: Instituto Moreira Salles

Entre a família, a inclinação para as artes revelou-se também em outros filhos do casal: Thomas Landseer (1795 - 1873), gravurista, Jessica Landseer (1807 - 1880), pintora e gravurista, e Edwin Landseer (1802 - 1873), que obteve maior sucesso dentre os irmãos, tornando-se um conhecido pintor da era vitoriana inglesa.

Vista de Almada e Cacilhas, Charles Landseer, 1825.
Imagem: Instituto Moreira Salles

Após estudar pintura com o pintor histórico e escritor Benjamin Robert Haydon (1786 - 1846), ingressou em 1816 na Royal Academy de Londres, e nos anos de 1822 e 1824 fez suas primeiras participações em exposições: exibiu as telas The delivery of Prometheus na exposição de inverno da British Institution for Promoting Fine Arts (1822) e First sight of woman durante a exposição inaugural da Royal Society of British Artists (1824).

Vista de Almada e Cacilhas (detalhe), Charles Landseer, 1825.
Imagem: Instituto Moreira Salles

O ano de 1825 marcou a viagem de Charles Landseer ao Brasil sob o cargo de artista oficial da missão diplomática comandada por Sir Charles Stuart. A comitiva tinha por meta articular a devida legitimação da independência do Brasil entre as coroas de Portugal e Inglaterra; a ocasião significou ao jovem artista uma oportunidade de aperfeiçoar os seus talentos, bem como ampliar seu repertório iconográfico.

Vista de Almada e Cacilhas (detalhe), Charles Landseer, 1825.
Imagem: Instituto Moreira Salles

Assim, embarcado no navio HMS Wellesley de março a julho de 1825, Landseer aportou primeiramente em Portugal, seguindo posteriormente para o Brasil. A comitiva retornou à Inglaterra, pelo navio HMS Diamond, no período de maio a outubro de 1826. Entre os caminhos de ida e volta, Landseer passou três meses em Portugal [...] (1)

Vista de Cacilhas e de S. Julião, Charles Landseer, 1825.
Imagem: Instituto Moreira Salles

Charles Landseer (1799 - 1879) foi o artista oficial da missão diplomática britânica chefiada por sir Charles Stuart, que partiu de Lisboa para o Rio de Janeiro, em 1825, a fim de negociar o reconhecimento por parte de Portugal do recém-independente Império brasileiro. Após quase dez meses no Brasil, a missão retornou à Inglaterra, em 1826, com escalas em Lisboa e nos Açores.

Vista de Cacilhas e de S. Julião (detalhe), Charles Landseer, 1825.
Imagem: Instituto Moreira Salles

Durante os três meses que passou em Portugal, na primeira etapa da viagem, Landseer realizou mais de 90 desenhos e aquarelas.

Vista de Cacilhas e de S. Julião (detalhe), Charles Landseer, 1825.
Imagem: Instituto Moreira Salles

O artista se interessou, sobretudo, pelos mosteiros, igrejas, palácios, castelos de Lisboa e das localidades vizinhas, assim como pelo povo nas ruas lisboetas: marinheiros, barqueiros, camponeses, trabalhadores, mendigos, padres e monges.

Vista de Cacilhas e do Tejo, Charles Landseer, 1825.
Imagem: Instituto Moreira Salles

Charles Landseer é considerado um dos mais importantes dentre os muitos artistas europeus que visitaram o Brasil nas duas décadas posteriores a 1808 — como Nicolas-Antoine Taunay, Jean-Baptiste Debret, Thomas Ender, Johann Moritz Rugendas, Augustus Earle e seu companheiro de viagem na missão Stuart, o botânico William John Burchell. [...] (2)

Vista de Cacilhas e do Tejo, Charles Landseer, 1825.
Imagem: Instituto Moreira Salles


(1) Instituto Moreira Salles

(2) Idem


Leitura relacionada: O pintor Charles Landseer...

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Derrota dos Miguelistas em Cacilhas

Praia de Cacilhas, The Harbour of Lisbon, Charles Henry Seaforth (1801 - c. 1854).
Imagem: reprodução em colecção particular

Tendo eu estendido alguns caçadores sobre os flancos da coluna, continuei a minha marcha, retirando-se os atiradores inimigos de altura em altura até penetrar na estrada escavada, que por entre as barreiras do Alfeite desemboca no vale da Piedade.

Estátua do Duque da Terceira.
Desenho de Simões d'Almeida, gravura J. Pedrozo, 1877
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

Este vale, prolongamento da enseada do Tejo, por de trás de Cacilhas, limita ao Sul as alturas de Almada, e oferece um pequeno campo plano, onde vem desembocar, de um lado, a estrada que eu seguia, e do outro as estradas do Pragal na esquerda, de Almada, no centro, e de Cacilhas por Mutela na direita.

Plan de Lisbonne son port, ses rades et ses environs avec une petite carte routière du Portugal (detalhe), 1833.
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

É ali que o inimigo, conhecendo que me é superior em cavalaria, pretendia atrair a minha coluna para tirar partido daquela arma, manobra esta que eu tinha previsto pelo conhecimento prévio do terreno, confirmando-me nesta ideia a fraqueza da resistência oposta até ali à minha marcha.

Com efeito, apenas os meus flanqueadores estendidos no vale tinham desalojado os do inimigo, e a testa da coluna desembocava no mesmo vale pela estrada do Alfeite, dois esquadrões de cavalaria lançados da estrada de Cacilhas carregaram com todo o ímpeto de quem conta com uma vitória certa;

porém os meus atiradores reunindo à coluna com o maior sangue frio e presteza, e os batalhões de caçadores números 2 e 3 do comando do coronel Romão e major Vasconcelos, ambos à voz do brigadeiro Schwalbach, repeliram este ataque com tal denodo e acerto, que a cavalaria inimiga sofrendo uma grande perda, fugiu em completa debandada, cobrindo-se contra o meu fogo com os armazéns da Cova da Piedade.

Malograda assim a esperança do inimigo, tudo indicou que ele só cogitava de retirada, e por isso, deixando o regimento 6º de infantaria cobrindo a estrada do Pragal e Almada, que o inimigo tinha cortado, prossegui com o resto da força direito a Cacilhas para cortar ao inimigo a retirada, ocupando todas as avenidas que descem de Almada, com companhias destacadas do 3º regimento de infantaria.

É impossível descrever o espectáculo que apresentava aquele lugar — infantaria, cavalaria, artilharia, bagagens, generais, oficiais e soldados se precipitavam confusamente nos barcos próximos ao cais, confusão que aumentava ainda pela escuridão da noite, apresentava a imagem de um verdadeiro caos, mas, honra seja dada aos generosos triunfadores da usurpação, a baioneta do soldado que provocara e debelara o inimigo na carga, embotou-se para o inimigo vencido;

Cartas das vitórias liberais, litografia Manuel Luiz, 1835.
23 de julho de 1833 — Derrota dos Miguelistas em Cacilhas
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

as nossas espadas entraram nas bainhas, e os vencidos confundidos com os vencedores, pareciam meia hora depois irmãos de há muito reconciliados.

Como porém existisse aindá h'uma força na Villa e Castello d'Almada, fiz contramarchar a Columna ; e deixando sobre o Caes de Cacilhas a conveniente Guarda, avancei pela calçada de Almada até a entrada daquella Villa, e caminho que conduz ao Castello;

mas como fosse completamente noite, a Victoria estivesse decidida, e eu quizesse poupar o sangue dos meus Soldados, o dos desgraçados vencidos, e as desordens inseparáveis da entrada violenta de huma Povoação, especialmente de noite, o Brigadeiro Schwalback, que Commandava a testa de Columna, mandou o seu Ajudante de Campo, o Alferes Jorge, como Parlamentario, intimar á pequsna força que existia em Almada, que depozesse as armas;

mas causa-me horror dize-lo, o Parlamenlario, am despeito de todas as Leis da guerra, foi accomettido pelos Cavalleiros rebeldes, e recolheo a Columna ferido mortalmente.

Permaneci nas posições, que oceupeva, até á primeira luz do dia 24, no qual progredi sobre Almada, donde a pequena força inimiga se tinha dissipado, e apresenta do em parle, e cujo Castello se nendeo á primeira intimação, ficando a sua guarnição prisioneira de guerra, e depondo as armas na Esplanada.

Alli recebi a noticia de que o Duque do Cadaval e toda a Guarnição de Lisboa , tinhão evacuado a Cidade, a qual livre do jugo que a opprimia, tinha proclamado o Governo de Sua Magcstade Fidelíssima;

Bandeira usada pelos Liberais
Imagem: Wikipédia

e no momento em que a Bandeira da Rainha era inaugurada no Castello d'Almada, as Salvas d'Artilheria da margem do Norte, annunciavão que a mesmn suspirada inauguração linha lugar nos muros dn Capital.

Duque da Terceira (1)

Lisbon from Almada, Drawn by Lt. Col. Batty, Engraved by William Miller, 1830

Em Lisboa, Cadaval, que sabia a esquadra perdida, perdia o tino e a esperança.

Mandara uma divisão reforçar Molelos; e mandou para Almada Teles Jordão com três mil homens defender esse ponto avançado da capital e cooperar com o general do Alentejo!

Bandeira usada pelos Absolutistas
Imagem: Wikipédia

Não sabia que, deixando-o para trás, a coluna liberal entrara em Setúbal, galgara, sem parar, a serra de Azeitão, descendo ao vale de Coina e marchando na praia do Tejo, pelo Seixal, pelo Alfeite, até à Piedade, com Lisboa à vista.

Na Piedade, à tardinha de 23, os invasores, viram as avançadas de Teles Jordão.

A praia, estreita, apertada entre o rio e as colinas da margem, não permite o desenvolver de manobras nem dá uma vantagem grande ao número.

Os miguelistas, presente o inimigo, ignorantes dos antecedentes, julgaram Molelos derrotado: grande devia de ser o número!

E escurecia. O imprevisto, o susto, a ignorância, começaram o combate que foi logo uma derrota.

De roldão, aos tombos, fugindo como uma carneirada assustada numa estreita azinhaga, assim vieram os miguelistas correndo pela estrada, vazar-se no Cais de Cacilhas, apelando panicamente para os barcos, invadindo-os para fugir.

Era noite: e o estalar dos tiros avisava Lisboa do combate.


Chegavam por mar os voluntários de Sintra, mas já tarde; e vendo a desordem e o tropel no cais, mandavam os catraeiros voltar sem desembarcarem.

Clamorosa, desesperada, a tropa fugitiva esconjurava-os, vingando-se a tiro nos desalmados.

Nos barcos atracados, enterrados na água com o peso da gente, não cabia mais ninguém: catraeiros, largando as velas, alavam para o Tejo, escuro como a noite. O fragor era grande, mas por fortuna o rio estava manso.

Vinha, porém, já na cauda dos fugitivos o inimigo, e no espaço breve do cais misturavam-se todos, envolvidos nas trevas da noite e do ódio.

Matou-se muito nos degraus do molhe. As pequenas ondas do Tejo lambiam das pedras o sangue e os mortos.

Brigando com o cavalo que montava, para entrar na falua, estava um oficial que foi reconhecido: era o Teles Jordão, o réu de tamanhas cruezas, o cérbero da Torre!

Abateram-no com uma cutilada, arrastaram-no semimorto até à quina do castelo, contra a qual lhe racharam pelo meio o crânio.

A noite crescia, calava-se tudo, acabavam as agonias dos moribundos e os fugitivos velejavam tristemente sobre o rio, a caminho de Lisboa. E em torno do cadáver do general, à luz dos archotes com que o iam ver, os vencedores cantavam:
Já morreu Teles Jordão:
Nas profundas do Inferno.
Os diabos lá disseram
Temos carne para o Inverno! (2)
Na confusão que se gerou, e traído pela semi-escuridão do entardecer, Teles Jordão, que procura pôr ainda alguma ordem em todo o desorientado grupo, interpela por engano dois oficiais de Caçadores.

Logo que se faz reconhecer é alvejado a tiro por um, acutilado por outro e liquidado à baioneta por um soldado.
Junto do forte no cais fronteiro foi morto Teles Jordão.
Os populares apoderam-se do cadaver que andou em bolandas servindo de alvo à chacota e descarga do ódio que afinal a sua crueldade fomentara em vida.
Acabou finalmente por ser abondonado e enterrado na praia de Cacilhas e, talvez para que não restassem dúvidas que o tirano estava morto, lhe deixaram um braço de fora.
 O forte de Cacilhas, preparado para a defesa marítima, oferece curta resistência e rende-se.

Os liberais aproveitam-se ainda da sua artilharia, disparando para o rio alguns tiros de intimidação às faluas que se dirigiam a Lisboa, carregadas de fugitivos, fazendo-as regressar a Cacilhas e paralizando várias no cais, operações que, segundo algumas opiniões tiveram a contribuição de boa vontade dos barqueiros e aumentaram o número de prisioneiros, que só no dia 23 de julho ascenderam a mais de 1000.

Durante toda a acção o forte de Almada, que — ironia do destino, os miguelistas tinham transformado para a defesa marítima, limitou-se a acolher fugitivos.

Almada, Muzeum Narodowe w Krakowie, Napoleon Orda, 1842.
Imagem: História e património

Recusando a rendição no dia 23 e recebendo a tiro os parlamentários enviados pelos liberais, rende-se afinal pelas 7 horas da manhã do dia 24, depois de grande parte da guarnição se ter escapado durante a noite. (3)  


(1) Gazeta de Lisboa, 6 de agosto de 1833, a mesma versão dos acontecimentos é descrita em Napier, Admiral Charles, An account of the war in Portugal between Don Pedro and Don Miguel, London, T. & W. Boone, 1836

(2) Martins, Oliveira,  Portugal Contemporâneo I, 3.a ed., Lisboa, Antonio Maria Pereira, 1895

(3) segundo a versão de António Avelino Amaro da Silva cf. Pereira de Sousa, R. H., Fortalezas de Almada e seu termo, Almada, Arquivo Histórico da Câmara Municipal, 1981, 192 págs.


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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Francisco Inácio Lopes

Francisco Inácio (Ignacio) Lopes (1806-1893)

Aos 21 anos licenciou-se pela escola médica de Lisboa, tendo logo evidenciado a sua rara habilidade para o exercício da profissão, que imediatamente iniciou na terra da sua naturalidade [Almada], o que levou a Câmara, com o apoio da opinião pública, a nomeá-lo médico do partido do município, em junho de 1830 [...]

Lisbon from Almada, Drawn by Lt. Col. Batty, Engraved by William Miller, 1830
Por decreto de 19 do corrente mes

Cirurgião Mór das Fortalezas e Baterias ao Sul do Tejo, sem vencimento algum, o Cirurgião do partido da Camara da Villa de Almada
Francisco Ignacio Lopes.

in Gazeta de Lisboa, n.° 131, 4 de junho de 1833.
[...] em 1850, aquando das eleições municipais, foi eleito vereador, e a Câmara em breve, o elegeu Presidente.

Por duas vezes e em épocas diferentes foi o dr. Francisco Inácio Lopes presidente da Câmara Municipal de Almada, onde realizou uma obra notabilíssima.

Vue de la rade et de la ville de Lisbonne
Imagem: Le Monde illustré, 1858, M. de Bérard.

Funda o Serviço de Socorros de Incêndios em 1850; manda construir poços em Vale de Rosal e Romeira; reedifica o chafariz da Fonte Santa; restaura o caminho novo para a Costa de Caparica, a calçada da Fonte da Pipa,

Vista parcial do Tejo, Casa da Cerca e estrada da Fonte da Pipa, 1858.
Aguarela, aut. desc., datada 14 de Março de 1858.
Imagem: Cabral Moncada Leilões

a calçada da Trafaria, as estradas da Amendoeira, da Mutela e do Pombal, e promove muitas outras obras, entre as quais o cais de embarque e desembarque em Porto Brandão.

Enseada da Paulina, revista Branco e Negro n° 60, 1897 (ver artigo dedicado)
Imagem: Hemeroteca Digital

Contribui também para a construção da Capela do Cemitério; da Praça e Casa do Açougue; da Casa para a "Bomba", e, em 1860, voltando a ser presidente da Edilidade, promoveu a iluminação pública de Cacilhas e de Almada (luz de azeite).

Lisbonne
Imagem: L'Illustration, Journal Universel, 1860, Anastasi.

Finalmente, como último empreeendimento, manda construir o Grande Cais do Ginjal.

Cais do Ginjal, Óleo, Alfredo Keil
Imagem: Casario do Ginjal



Foi deputado às corte pelo círculo de Almada, vindo a ser reeleito três vezes até 15 de Janeiro de 1868 e, no ano de 1880, é novamente eleito procurador à Junta Geral do Distrito, o mesmo acontecendo no ano de 1886. (1)

Dr. Francisco Inácio Lopes.
Imagem: Homens e Mulheres vinculados às terras de Almada
O resultado das eleições supplementares para deputados foi quasi todo favoravel ao ministério; apenas três candidaturas da oposição puderam vingar, e por pequena maioria: foram ellas as dos srs. Francisco Ignacio Lopes (cirurgião) [...]

in Diário do Rio de Janeiro, 18 de novembro de 1860




(1) Correia, Romeu, Homens e Mulheres vinculados às terras de Almada, (nas Artes, nas Letras e nas Ciências), Almada, Câmara Municipal de Almada, 1978, 316 págs.

Mais informação:
Occidente n° 541, 1 de janeiro de 1894

terça-feira, 14 de outubro de 2014

O torreão e a Lapa

Grupo de Obuses Pesados, Manobras militares do Outono (detalhe), 1937.
Imagem: Arquivo Nacional Torre do Tombo

— Mas então, como é que não tem ouvido fallar n'aquelle rapaz que todas as tardes apparece no mesmo barco a fazer signaes ali para cima... olhe... ali aquelle mirante, aonde está uma mulher a corresponder-lhe. Nao vê?

Olhei para o lado que me indicava, e distingui eflectivamente o vulto de uma mulher, que agitava um lenço branco.

O mirante onde ella estava é aquelle que fica no flm da praia de Cacilhas, perto do sitio onde se tomam os banhos, lá mesmo em cima das ribas.

Pertence (creio eu) ás terras ou quinta que ali vem ter do sitio da Margueira.

Embouchure de la Rivière Du Tage, Nicholas De Fer, 1710

A distancia, e por detraz dos predios que ficam longo da praia, aquellas ribas negras, escabrosas e talhadas a pique, como se fossem rocha viva, dão um aspecto de aridez e solidão aquelle lado da praia principalmente depois das horas melancholicas do sol-posto.

O mirante assenta n'uma construcçao antiga, que vem pelas ribas abaixo a modo de configuração de torre, e parece o resto de uma muralha mourista, ali esquecida pelo tempo.

É tosco, e está ennegrecido pelos annos, e talvez pelos seculos. Faz lembrar uma torre d'atalava que d'ali, ao largo, vigiasse sobre o rio.

Embouchure de la Rivière Du Tage, Nicholas De Fer, 1710 (detalhe).

Á tarde, quando as aguas tomam as cores bronzeadas e verdi-negras com que as sombras da noite envolvem as montanhas, deve de ser melancholico ver as ondas vir morrer na praia, e sentir o seu embate rouco e monotono como o bramido suffocado de uma grande força da natureza. (1)

Os terrenos onde viriam a ser construidos os “estaleiros do Sampaio, (tal como assim ficaram conhecidos), foram arrematados à Câmara Municipal de Almada em 3 de Maio de 1865, sendo posteriormente firmado em10 de Junho de 1865, um contrato de aprazamento, no qual o proprietário se comprometia a construir um estaleiro naval apetrechado com uma doca seca constituida por dois diques, e ainda a construção de edifícios para oficinas, depósito de madeiras e uma caldeira (área coberta para recolha de pequenas embarcações).

Carta hydrographica do littoral de Cacilhas, 1838.
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

Localizava-se aquele terreno, na então existente praia da Lapa, virada a nascente cuja sua extremidade norte era formada por um cunhal de recifes rochosos, conhecido pelos cacilhenses no princípio do sec. XX como o Pontal.

Carta hydrographica do littoral de Cacilhas (detalhe), 1838.
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

A poente, localizavam-se o sítio urbano da Lapa, (totalmente demolido em finais dos anos 40 de XIX, para abertura do troço da EN - 10, ligando Cacilhas à Cova da Piedade), e as propriedades e depósitos de carvão de Alexander Black. (2)

Vista tomada no porto de Cacilhas, face a Lisboa, Hubert Vaffier,  1889.
Imagem: Bibliothèque nationale de France

Aqueles armazéns situavam-se em Cacilhas, para lá do Pontal, junto à zona do estuário do rio Tejo, paredes-meias com os estaleiros da Parry & Son.

O seu acesso por terra fazia-se por Cacilhas, pelo então existente sítio da Lapa, através de um túnel escavado na rocha, que fazia parte do morro de Cacilhas e que conduzia directamente aos armazéns. (3)


A Lapa ficava no sope do Morro perto das Margueiras onde existiam os Fabricos de Cortiça, dois Moinhos de vento ja em ruinas, e, aquele altissimo "Torreão" de forma circular encimado por uma casa quadrada com telhado de telha vã rodeada por tres janelas e uma pequena porta que dava para o estreito caminho que seguia até, a hoje Praça Gil Vicente.

Cacilhas, Carro Carreira da Empreza Camionetes Piedense, Leslie Howard, década de 1930.
À esquerda o bebedouro para os animais e ao fundo a zona da Lapa.
Imagem: Museu da Cidade de Almada

 No interior desta exigua dependencia existia um alçapão com tampa de madeira empoeirada com uma argola em ferro enferrujado. 

A base desta alta torre ficava mesmo em frente ao portao do Estaleiro ...

Nao se conhecem documentos explicitos sabre este "Torreão" — segundo informacão do Sr. Dr. Alexandre Flores, na Torre do Tombo existe algo sabre uma Muralha fortificada, que se prolongaria ate ao final de Almada acabando perto da Igreja de S. Sebastião... 

A Lapa, que segundo leva a crer, terá tido origem numa Gruta que existia de facto perto da entrada do estaleiro, onde se localizava um antigo predio que foi adquirido pelo Sr. José Malaquias que o mandou reconstruir, adaptando no piso terreo uma Casa de Pasto [...]

Ao fundo da Taberna lá estava a entrada da Furna, Gruta ou Lapa, que daria o nome ao sitio "iria até a Estalagem do Sr. Carlos Narciso, cortando frente à Igreja do Bom Sucesso, e aqui bifurcando, seguia para Almada, onde, como se sabe existem subterraneos entre o Palácio da Cerca, o Forte, até ao Ginjal etc."

Sendo a Lapa um sitio relativamente pequeno possuia no entanto um encanto peculiarmente invulgar, a seguir ao já citado predio havia um armazem mecanizado de enchimento e distribuição de latas de azeite, depais, ao lado, uma enorme construção de c6modos que mais parecia um dos altos predios da Paris da Idade Media — só janelas de guilhotina e mansardas sabre os telhados, já há oitenta anos se encontrava envelhecida esta antiquissima habitação [...]

Grupo de Obuses Pesados, Manobras militares do Outono, 1937.
Imagem: Arquivo Nacional Torre do Tombo

Faziam parte do lugar, quatro predios, a entrada para o Black, que na altura estava proibida, — fechada por uma porta de ripas de madeira — mesmo ao lado do portao das docas, e que dava acesso ao caminho que levava aos armazens da recolha de carvão onde os cargueiros acostavam para a descarga , perto das entradas dos diques [...] (4)

Lapa de Cacilhas, aguarela de Anyana, O Scala, inverno 2006.
Imagem: Casario do Ginjal

O troço entre a Cova da Piedade e Cacilhas foi construído entre 1948 e 1951, em grande parte sobre o rio, após o entulhamento das baías da Margueira e da Mutela.

A ligação a Cacilhas fez-se à custa da ruptura do morro que, até então, isolara esta povoação da Margueira. (5)


(1) Andrade Ferreira, José Maria de, Revista contemporanea de Portugal e Brazil, n° 4, Vol. III, 1861
Fonte: Hemeroteca Digital

(2) Veiga, Luís Bayó, Boletim O Pharol, n° 22 

(3) Veiga, Luís Bayó, Boletim O Pharol, n° 18 

(4) Anyana (Idalina Alves Rebelo), 
Boletim O Pharol, n° 05

(5) Rodrigues, Jorge de Sousa, Infra-estruturas e urbanização da margem sul: Almada, séculos XIX e XX, 2000, 35 págs.