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sexta-feira, 15 de março de 2019

Zé Cacilheiro

Quando eu era rapazote,
Levei comigo no bote
Uma varina atrevida! ...
Manobrei, e gostei dela,
E lá m'atraquei a ela
Pro resto da minha vida!

Cacilheiro, Rio Alva.

Às vezes, numa pessoa,
A saudade não perdoa,
Faz bater o coração!
Mas tenho grande vaidade
de viver a mocidade,
Dentro desta geração!



Sou marinheiro,
Neste velho cacilheiro,
Dedicado companheiro,
Pequeno berço do povo!
E navegando ...
A idade foi chegando ...
O cabelo branqueando ...
Mas o Tejo é sempre novo!

Cacilheiros na Estação Fluvial de Cacilhas no final de 1973.
Nuno Bartolomeu no Facebook

Todos moram na rua
A que chamam sempre sua,
Mas eu cá não os invejo.
O meu bairro é sobre as águas
Que cantam as suas mágoas
E a minha rua é o Tejo!

Embarcações no Tejo.
Delcampe

Certa noite de luar,
Vinha eu a navegar
E de pé, junto da proa!
Eu ouvi, ou então sonhei
Qu'os braços do Cristo-Rei,
Estavam a abraçar Lisboa!

Zé Cacilheiro José Viana, Zero Zero Zé (ordem para pagar), 1966.
As canções da minha vida

Sou marinheiro,
Neste velho cacilheiro,
Dedicado companheiro,
Pequeno berço do povo!
E navegando ...
A idade foi chegando ...
O cabelo branqueando ...
Mas o Tejo é sempre novo!


No desejo de organizarmos uma colectânea de poesias olisiponenses, publicamos hoje «Cacilheiro» da autoria do Sr. Paulo Fonseca, interpretado pelo actor José Viana, na revista Zero Zero Zé — Ordem para pagar. (1)



(1) Olisipo, N.os 117/118, ANO XXX, Janeiro/Abril 1967