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quinta-feira, 10 de julho de 2014

Estradas Real 79, Distrital 156 e outras vias

[...] nenhum carreiro desta vila assim como do seu termo passe com o seu carro carregado, nem vazio pela calçada de Mutella e São Simão, salvo quando fizerem tão notaveis atolleiros que não possão hir por outra parte  [...]

Fountain at village outside Lisbon (Mutela?), 1906.
Imagem: Ecomuseu Municipal do Seixal

[...] quem tiver vinhas e herdades que entestarem nos caminhos do concelho que fação as testadas dos seus valados e cortem os seus silvados e mattos de maneira que os caminhos sejam livres e dezempachados [...]

[...] os caminhos do concelho, e nos vallados das ditas havia muntos mattos silvados de maneira que tapão os caminhos e o sujão de maneira que não podem andar neles [...] (1)


A topographical chart of the entrance of the river Tagus (detalhe), W. Chapman, 1806.
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

A situação de Portugal nesta epocha [1807] era bem lastimosa; não havia estradas; o estado dos caminhos, em geral, mau ou pésssimo, tinha-se tornado perigoso pelo rigoroso inverno; chuvas copiosas, tresbordo de rios e ribeiras, grandes innundações haviam assolado o paiz, tornando difficil, penosa e arriscada a marcha das tropas; (2)

Carta militar das principaes estradas de Portugal (detalhe), Lourenço Homem da Cunha de Eça, 1808.
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

 A cituação e a commodidade que offerece o porto de Cassilhas de toda a hora se encontrar maré, condição unica que não acha nos outros portos da margem esquerda do Tejo

Lisboa, Vista tomada de Cacilhas, ed. Martins/Martins & Silva, 7124, década de 1900
Imagem: Delcampe

fariam da Villa de Almada hum ponto mais interessante para a circulação do commércio interior do Alentejo do que Mouta ou mesmo Aldea Gallega, 

Carta chorographica dos terrenos em volta de Lisboa  (detalhe), 1814.
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

se as estradas fossem melhores, ou antes se houvessem estradas de comunicação, pois que passado o recinto da Villa, os caminhos para toda a parte são pessimos, não offerecem senão estorvo ao transporte, por serem antes trilhos do que estradas reais. (3)

Lisbonne son port, ses rades et ses environs avec une petite carte routière du Portugal (detalhe), 1833.
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

[...] no Diccionario Chorographico publicado em 1878, Agostinho Rodrigues de Andrade estabelece uma classificação das diferentes vias.

Assim, são de primeira ordem as estradas reais (de primeira e segunda classe), enquanto nas de segunda ordem inclui os caminhos municipais e vicinais.

No concelho de Almada este autor identifica estradas de segunda ordem que ligam a vila a Sesimbra à Trafaria e esta à Costa. 

Trafaria, Estrada da Costa, ed. Manuel Henriques, 16, década de 1900.
Imagem: Delcampe

Já no Seixal, apenas refere a estrada que liga a povoação a Sesimbra passando pela Arrentela.

Companhia de laníficios da Arrentela, desenho Nogueira da Silva, gravura João Pedroso,  1858.
Referências: Lugares do concelho do Seixal, Restos de colecção 
Imagem: Hemeroteca Digital

Embora se concentre na freguesia de Caparica, a obra de Vieira Júnior, datada de 1897, refere diversas vias de comunicação, designando estradas reais e distritais. azinhagas e caminhos. sem no entanto as caracterizar.

Identifica como real a já referida estrada para a Trafaria, passando pelos lugares de Casas Velhas, Torrinha, Costas de Cão, Cova, Pêra e Valle de Meirinho.

Referindo as estradas distritais, o autor salienta a que atravessa a Chameca vinda do Arieiro como: "sendo esta o melhor lanço de estrada que existe em todo o concelho de AImada", de onde também parte a estrada para a Costa.

A caminho da Costa da Caparica, João José Penha Lopes, 1921.
Imagem:Arquivo Municipal de Lisboa

No lugar da Torre entroncam as estradas que conduzem a Almada, à Charneca, ao Porto Brandão e à Trafaria.

No vale da Sobreda passa, segundo o mesmo texto, um caminho que conduz à estrada real, passando em Casas Velhas. 

De Murfacém saem para a Trafaria "dois caminhos principaes, a estrada velha e o moderno accrescente da estrada districtal".

Por último, são ainda registadas duas azinhagas, uma "que do Salgado vae á Seixeira, Silveira, Urraca, e Ginjal (Monte), até ao Bicheiro pela estrada real" e outra "de Poçolos ao sitio das Casas Velhas, pelo caminho a da 'Formiga',  se volta ao 'Monte' propriamente dito". (4)


Em 1862, a rede de estradas existente e projectada é classificada em 1.ª classe, estradas reais (com origem directa ou indirecta — travessias fluviais p. ex. — em Lisboa), 2.ª classe, estradas distritais, e estradas municipais, estas últimas geridas pelos munícipios.


Estudo, construção, reparação e conservação das
estradas ordinárias, Escola do Exército, 1897 — 1898

Com a abolição da monarquia em 1910, as estradas Reais foram renomeadas estradas nacionais.


Corpo do Estado Maior do Exército, assinaladas a Estrada Distrital 156 e a Estrada Real 79, 1902.
Imagem: IGeoE

Em 1913, as estradas distritais foram também renomeadas estradas nacionais. (5)


(1) Posturas da Câmara Municipal de Almada, 1750, referenciado e documentado em Silva, Francisco Manuel Valadares e, Ruralidade em Almada e Seixal nos séculos XVIII e XIX, Imagem, Paisagem e Memória, Lisboa, Universidade Aberta, 2008, 271 págs.

(2) Fonseca Benevides, Francisco, No tempo dos francezes, Lisboa, A Editora, 1908, 319 págs.

(3) AHMOP, Memoria Económica da Vila d'Almada, e seu Termo, 1835, referenciado e documentado em Silva, Francisco Manuel Valadares e, Ruralidade em Almada e Seixal nos séculos XVIII e XIX, Imagem, Paisagem e Memória, Lisboa, Universidade Aberta, 2008, 271 págs.

(4) Silva, Francisco Manuel Valadares e, Ruralidade em Almada e Seixal nos séculos XVIII e XIX, Imagem, Paisagem e Memória, Lisboa, Universidade Aberta, 2008, 271 págs.

(5) Fonte: Wikipédia


Referências:

Andrade, Agostinho Rodrigues de, Dicionário corográfico do reino de Portugal, Coimbra, Imp. da Universidade, 1878, 254 págs.

Júnior, Duarte Joaquim Vieira, Villa e termo de Almada: apontamentos antigos e modernos para a história do concelho, Typographia Lucas, Lisboa, 1896.

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