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sexta-feira, 24 de abril de 2015

Lisboa vista do Pragal, na Outra-Banda

Aportando, na Outra-banda, á praia chamada forno do tijolo, por n'ella haver uma fabrica d'este producto, e ganhando o cume da montanha que a domina quasi perpendicularmente, acha-se o viajante n'um logar, conhecido pelo nome de Pragal, d'onde descobre o mais rico e variado panorama.

Lisboa, Vista panorâmica desde Pragal de Cima, ed. Passaporte, 123.
Imagem: Delcampe

Não falta que ver e admirar d'ahi.

Obras da natureza e dos homens, isto é, paizagens amenas e agrestes , serras, planícies, mar, vasto ceo, cidade e monumentos historicos; tudo em larga cópia se lhe desenrola aos olhos maravilhados.

Lissabon, vista tomada de Palença, 1830
Imagem: Mundo do Livro, (Mundo do Livro no Facebook)

Pela esquerda, a barra e o Oceano perdendo-se no infinito dos ecos; á direita, Seixal, Barreiro, e Alcochete, transpirando vagarmente por entre os vapores de longínquos horisontes; a seus pés, a vastidão do Tejo, de cuja superficie, banhada pelos raios de um sol sem rival, parece sair e mover-se luz; na frente, surgindo da aguas prateadas do tranquillo rio, a vistosa, a pittoresca, a invejada Lisboa;

Vista da parte ocidental de Lisboa, Alexandre Jean Noel, início da década de 1790
Imagem: FRESS

ao lado d'esta, desdobrando-se até á barra, uma cumiada de montanhas, onde, por entre o matiz dos campos, se ve o colossal palacio d'Ajuda,

Vista do Tejo e do palácio da Ajuda, Charles Landseer, 1825.
Imagem: Instituto Moreira Salles

o famoso templo dos Jeronimos e a elegante torre de Belem, fallando-nos de riquezas e glorias passadas; para além de tudo , e tudo dominando, a magestosa Cintra, erguendo-se sobre as nuvens, indecisa e vaporosa, como para nos accelerar a cobiça d 'irmos de perto contemplar a maravilha do seu aspecto.

Lisboa, Vista panorâmica de Belém desde Pragal, ed. Passaporte, 124.

Eis a fecunda perspectiva, que do Pragal a vista abraça, e de que a gravura representa uma parte, Lisboa.

Lisboa vista do Pragal, na Outra-Banda, gravura, Nogueira da Silva, 1858.
Imagem: Hemeroteca Digital

Quando o leitor estiver triste aconselhàmol-o a que vá para o Pragal, e se sente no mesmo logar d'onde tirámos o desenho, e cremos que, ao desafogar os olhos e espraiar os sentidos por tão vasto e ma rico panorama, o coração se lhe alliviará. (1)

A ponte sem tabuleiro, c. 1965.
Imagem: Estação Chronográphica


(1) Silva, Nogueira da, Archivo Pittoresco, 2.° Anno, Julho, 1858, págs 4 - 5.

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