Selo de D. Carlos I, 25 reis de 1895, desenho e gravura de Louis-Eugène Mouchon. Imagem: Delcampe |
Álbuns e catálogos foram as primeiras, mas produzidos fora das fronteiras nacionais. Foi preciso esperar pelo ano de 1887, para aparecer a primeira publicação periódica portuguesa, O Philatelista, Orgão do Centro Philatelico Portuguez, propriedade de Faustino A. Martins, publicada em Lisboa, com irregularidade, em 4 séries, até Abril de 1896. (1)
O Philatelista, revista mensal, 1887. Imagem: Os selos Coroa da Guiné |
Supomos ser curioso citar aqui, para ilustrar esta época, o que se escrevia em 1894, no número 3 da série III, de "O PHILATELISTA". Esta revista, dirigida pelo conhecido comerciante português Faustino Martins, criou a partir deste número de sua publicação, uma interessante secção intitulada "Galeria Philatelica".
Nela aparece o "retrato" do coleccionador em foco, e uma breve descrição da sua colecção. Para abrir essa Galeria, com vista a "incitar à imitação", é o próprio Faustino António Martins o número 1 dos quadros que a irão ornamentar.
A ele se refere o articulista a certo passo, nestes termos: "A sua colecção conte cerca de 14.000 variedades, além de mais de 3000 das emissões continentais e coloniais de Portugal, que constituem a mais rica colecção de selos portugueses que temos visto e que certamente existe...". (2)
Faustino António Martins ou F. A . Martins (como assina na maioria dos seus bilhetes postais) foi grande filatelista, director e proprietário do Filatelista (publicação mensal dedicada aos coleccionadores de selos e órgão do centro Filatélico Português).
Torre do Bugio na barra de Lisboa (segundo uma gravura de J. pedrozo), ed. Martins/Martins & Silva, 458. Imagem: Delcampe |
Foi proprietário de um estabelecimento comercial, posteriormente especializado na compra e venda de selos, estabelecimento esse, situado na Praça Luís de Camões Nº35 Lisboa, fundado em 1867, existindo ainda em 1894, como vimos em exemplares da revista.
Faustino António Martins aderiu e torno-se editor e comerciante de cartofilia em 1900, alias muito associada á filatelia. Esta importante casa editora sofreu varias modificações no seu nome: Faustino A. Martins / F.A. Martins / ed. Martins / Martins / ou Martins & Silva entre outras variantes. Usou monogramas de que conhecemos FAM e MS.
Trafaria (Portugal), Vista geral e rio Tejo, ed. Martins/Martins & Silva, 28, década de 1900. Imagem: |
O prestigio adquirido pelo seu estabelecimento foi enorme , atendendo á grande qualidade e variedade de exemplares. Iniciou actividade editorial sob a sigla F.A.Martins a partir de 1900, Edição Martins a 1902 e Martins e Silva provavelmente em 1903.
Como outros editores de B.P.I.'s F.A.Martins emitiu juntamente com alguns comerciantes, em regime de parceria e por encomenda.
A sua produção retratou a vida publica e oficial da época, bem como aspectos do território, do povoamento e da sociedade, das actividades económicas e culturais, das paisagens e costumes de quase todo o país.
Como muitos outros editores cedeu clichés ou direitos de uso, por acordo ou venda, a colegas, sobretudo, das cidade e vilas da província, teve a colaboração dos melhores fotógrafos de Lisboa, do Porto e de Coimbra, bem como de outros pontos da província e usou clichés cedidos por outros editores.
Trafaria — Vista geral, ed. J. Quirino Rocha, 01, década de 1900. Imagem: Delcampe - Oliveira |
Todos os seus postais são numerados por ordem crescente em árabes.
Trafaria — Vista parcial, ed. J. Quirino Rocha, 07, década de 1900. Imagem: Delcampe - Oliveira |
Conhecem-se-lhe a colecção "Portugal" e as sub colecções: "Lisboa", "Collection portugaise" "Collecção Portugueza" "Collecção Relvas", "Lisboa Typos das ruas" e colecções de Costumes entre outras. (3)
Trafaria — Vista geral, ed. Martins/Martins & Silva, 1201, década de 1900. Imagem: |
Faustino Martins foi um comerciante de filatelia com estabelecimento na Praça Luis de Camões, nº 35 em Lisboa que dizia em 1888 ao referir-se ao seu negócio: "... do nosso estabelecimento, sem dúvida hoje o primeiro da Europa na especialidade do comércio e pelo enorme depósito de muitos milhões de selos que possuimos de todo os países do globo". (4)
(1) Em Torno do Selo Postal Português
(2) A Evolução das Coleções Clássicas
(3) Nazaré em Postal Ilustrado
(4) Os selos Coroa da Guiné
Bom dia
ResponderEliminarexcelente trabalho de memoria !
boa continuação