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quarta-feira, 6 de abril de 2016

Luctas caseiras

Passos Manuel, durante os trabalhos das Cortes de 1821 reunidas no Palácio das Necessidades, que aprovariam a primeira Constituição Portuguesa. Pintura de Veloso Salgado, que decora o interior da Sala das Sessões do Parlamento.
Imagem: Assembleia da República

ADVERTÊNCIA PRELIMINAR

Devia comprehender um volume o trabalho de investigação historica a que demos o titulo de Luctas caseiras. Os materiaes, porém, reunidos sobre a epocha que nos propozemos historiar são tantos e tão valiosos, que impossivel foi incluir n'elle só a narração dos acontecimentos politicos de que Portugal foi testemunha de 1834 a 1851 [...]

Lisboa, Praça do Rossio no dia 1 de outubro de 1820. Entrada solene da Junta Provisória do Porto.
Imagem: Histórias com História

INDICE ANALYTICO 

Introducção (pag. ix a clxxvi)

Revolução de 21 de agosto de 1820 — Installa-se no Porto uma junta provisória — Primeiras desintelligencias entre os seus membros — Drago Cabreira e Silva Carvalho — Fustão em Alcobaça da junta do Porto com a de Lisboa — Partido militar — Suas aspirações e fins — Projectos de revolução — Acontecimentos do dia 11 de novembro — Proclamação de Gaspar Teixeira e ordem do dia de Pereira Sampaio — Alliança momentânea de ultra-liberaes e absolutistas — O partido militar triumphante, mas não vencedor — O governo cede ás suas imposições, mas a população de Lisboa protesta, e tudo volta ao estado anterior — Radica-se a divergência entre os homens da revolução — Eleições — Memoria sobre a abstenção das chamadas classes privilegiadas — Congresso constituinte — Nomeação da regência — Opiniões politicas que predominavam no congresso — Muitos dos que alli se apresentaram como liberaes exaltados tornaram-se depois em ullra-conservadores — Impressão que na corte do Rio de Janeiro produz a noticia da revolução do Porto — Conselhos sensatos do conde de Palmella a D. João VI, que só uma revolução no Brazil obriga a acceitar a nova ordem de cousas eslabelecida em Portugal — Regresso de D. João VI á Europa — É vedado por ordem do congresso o desembarque em Lisboa a algumas das pessoas que o acompanhavam — Jura o rei perante o congresso as bases da nova constituição — Descontentamento que produz no congresso o discurso lido por essa occasião em nome do mesmo rei — Novo ministério com que o congresso se declara logo em opposição, que dias depois provoca uma crise, e em seguida a demissão de todos os ministros — Ultima-se a discussão da constituição, a que a rainha se recusa a prestar juramento — Novo rumo politico que começa a tomar a maioria do congresso — O procedimento da rainha em se recusar a jurar a constituição é o signal do alarme para os inimigos d'esta saírem a campo — Procede-se á eleição dos deputados para as côrtes ordinárias, triumphando em quasi toda a parle o partido liberal — Aberta a camara fere-se logo batalha entre liberaes e conservadores — Pronuncios de revolução absolutista, a que não é estranha a rainha — Medidas de repressão tomadas pelo governo — Fins a que visava a revolução — A camara ao lado do governo — Revolução absolutista em Traz os Montes abortada — O infante D. Miguel sáe de Lisboa para Villa Franca com uma parte da guarnição de Lisboa — Motivo d'esta jornada — Augmenta o numero dos parciaes do infante, cujos desígnios de derrubar a constituição são conhecidos de todos — Plano occulto — O governo leva o rei a condenmar o procedimento do infante — Tibieza da maioria dos deputados e demissão do ministério — D. João VI adhere tambern á revolução, e segue do mesmo modo para Villa Franca — Protesto da camara dos deputados — D. Miguel nomeado commandante em chefe do exercito — Ministério Palmella-Subserra — Regresso do rei a Lisboa, e politica adoptada pelo novo ministério — Projectos mallogrados de nova revolução absolutista — Assassinato do marquez de Loulé — Successos do dia 30 de abril — D. João VI passa para bordo de uma nau ingleza de onde providenceia sobre vários assumptos de politica interna, e ordena a saida do infante D. Miguel para França — Diligencias infructiferas para que a rainha D. Carlota Joaquina saia de Portugal — O partido miguelista continua a conspirar — Receios infundados que ao governo infunde ao partido liberal — Falta de união entre os membros do governo — Approximação entre liberaes e moderados — Rasões que teve o governo para afastar da successão da coroa o infante D. Miguel — Queda do ministério PalmelIa-Subserra — Reconhecimento da independência do Brazil, e declaração de que o herdeiro da coroa era o príncipe D. Pedro de Alcântara — Conselho de regência nomeado por D. João VI, e morte do mesmo soberano — Partidos políticos existentes ao tempo em Portugal — Aclamação do novo rei — Outorga da Carla constitucional, e nomeação de pares — Abdicação que da coroa de Portugal faz D. Pedro — Esforços dos absolutistas para que D. Miguel regresse a Portugal, e reconhecimento que o mesmo faz da soberania do irmão — Má impressão que no paiz e fora d'elle produz a noticia da outorga da Carta — Indecisão do governo em dar cumprimento aos decretos de D. Pedro — Saldanha, obrigando o governo a fazer jurar a Carta, obtém um logar no ministério e a chefia do partido liberal — Absolutistas em armas — Saldanha, que marchara contra os revoltosos, é afastado pela doença da gerência da pasta da guerra — Eleição de deputados e abertura do parlamento — Sublevação absolutista em Traz os Montes — O governo reclama o auxilio de tropas inglezas — Opposição que encontram nas duas camarás alguns dos seus actos — Os absolutistas são batidos — Recomposição ministerial — A opposição ao governo do parlamento augmenta na ses- são ordinária — Desentelligeneias graves entre a camara electiva e a dos pares — Proposta apresentada n'aquella para se pedir a demissão do ministério — Decretos e ordens de D. Pedro que não são cumpridas — Decrela-se uma amnistia — Saldanha reassume a sua pasta e promove a queda do ministério — Novos ministros— D. Miguel chamado ao Rio de Janeiro por D. Pedro recusa-se a partir — Saldanha demitte-se de ministro da guerra — Manifestação de sympathia que lhe faz o povo de Lisboa, e que dias depois se repete no Porto — Alteração no ministério — Medidas de repressão tomadas pelo governo — D. Pedro, approvando o procedimento de Saldanha, faz com que a regente demitta dois dos ministros — D. Miguel é nomeado por D.Pedro seu logar-tenente em Portugal — Descontentamento que este facto produz no partido liberal, e enthusiasmo que disperta entre os absolutistas — D. Miguel saindo de Vienna para Portugal segue por França e Inglaterra — Falta de interesse que offerecem as sessões parlamentares — Desembarque em Lisboa de D. Miguel e seu juramento á Carta — Nomeia novos ministros e dissolve a camará dos deputados — Representações que lhe são dirigidas para que se faça aclamar rei — São convocados os antigos três estados — Muitos liberaes emigram, para Inglaterra — O corpo diplomático pede os seus passaportes — O partido liberal appella para a revolução, onde se levanta o primeiro grito, e corpos de linha que adheriram — Junta provisória organisada no Porto — Apreciação que da mesma fazem dois escriptores contemporâneos — Forças liberaes e absolutistas — D. Miguel procura debellar a revolta — Primeiros recontros — Delegação da junta do Porto em Coimbra — Retirada das forças constitucionaes — Chegada de Inglaterra ao Porto de differeiítes generaes do partido liberal — Falta de união entre os recem chegados — Palmella commandante em chefe do exercito constitucional — Desanimo no campo liberal — Saldanha, que acceitára substituir Palmella no commando em chefe, exonera-se do mesmo commando — Retirada para Hespanha do exercito constitucional — O partido absolutista abusando da sua vicloria — O marquez de Palmella chefe da emigração — Saldanhistas e palmellistas — Deposito de Plymouth — Revolução na Madeira — Soccorros enviados para ali por Palmella — carta que este dirige a D. Pedro, defendendo-se das accusações que lhe faziam os seus inimigos — Este documento e a defeza que depois publicaram os membros da junta do Porto provoca protestos vehementes por parte de Saldanha e de seus partidários — Saldanha chefe da opposição a Palmella — Dissolve-se o deposito de Plymouth — Queixas infundadas que isto provoca por parte dos emigrados — Palmella procura mandar soccorros para a Terceira — Expedição para a mesma ilha sob o commando de Saldanha — O governo da Terceira é confiado por Palmella ao conde de Villa Flor — Regência nomeada por D. Pedro — Falta de confiança que a mesma inspira — Carta de Silva Carvalho sobre o assumpto — Aggravam-se as desintelligencias ha muito existentes entre Saldaidia e Palmella — Inslalla-se a regência na Terceira — Tentativa de revolta contra ella — Chegada de D. Pedro á Europa, seu pensamento politico com relação aos negócios de Portugal — Principia a formar-se o, depois, chamado partido de D. Pedro — Rodrigo Pinto Pizarro — Da expedição organisada para vir sobre Portugal é excluído Saldanha c outros officiaes seus partidários — No Porto — Esforços empregados pelos saldanhistas para avinda do seu chefe — Mousinho da Silveira deixa a pasta da fazenda, em que é substituido por Silva Carvalho — José da Silva Carvalho c o seu tempo (nota) — Difficuldades que levanta aquella crise ministerial — Vinda de Saldanha, e incremento que com este fado toma o seu partido — O governo principia a receiar dos triumphos militares de Saldanha — Palmella, que estava no desagrado de D. Pedro, é indigitado pelos saldanhistas para chefe do governo — Tomada Lisboa muda-se para ali o theatro da lucta politica — D. Pedro chefe de partido  — Crise ministerial — Cartas de alguns membios da opposição a D. Pedro — Novo partido opposicionisla — Uma medida violenta do governo contra um membro da opposição ia provocando uma revolução — D. Pedro implora a neutralidade de Saldanha — O partido miguelista agonisante — Conselho de generaes em Évora sob a presidência de D. Miguel — O general miguelista Lemos propõe uma suspensão de armas, que é acceita — Concessão de Evora Monte, que não agrada nem aos liberaes, nem aos miguelistas — Tumultos no theatro de S. Carlos — Tentativa de assassinato contra D. Miguel — Embarque do mesmo em Sines — Protesto que publica á sua chegada a Génova — Victorias successivas alcançadas pela opposição no Porto — A camara de Lisboa manifesta-se abertamente contra a marcha politica do governo — A opposição augmenta de dia para dia — Trabalhos eleitoraes — Prisão do coronel Pizarro — Candidatura do mesmo Pizarro — Viagem do regente ao Porto — A opposição triumpha ali na eleição de deputados — Abertas as camarás principia logo uma lucta formidável entre a opposição e o governo — Discute-se e approva-se uma proposta para a continuação da regência — Pares do governo e pares da opposição — Projecto de lei para a rainha poder casar com príncipe estrangeiro — Propostas contra D. Miguel.

S.M.I. o Senhor D. Pedro restituindo sua Augusta Filha a Senhora
D. Maria Segunda e a Carta Constitucional aos Portugueses,
Nicolas-Eustache Maurin,1832.
Imagem: Wikipédia

CAPITULO I

1834-1835 (pag 1 a 179)

D. Pedro communica ás camarás que não pôde continuar a gerir os negócios públicos — O que motivou esta resolução — Projecto de uma regência— A rainha é declarada maior — Opposição que o projecto encontra na camara dos pares — Ultimo ministério de D. Pedro — Juramento da rainha — Como começa a exercer a soberania — Quem organisou o novo ministério — Morte de D. Pedro — Os novos ministros — Apresentação nas camaras do gabinete Palmella — Enterro do imperador — Projecto de responsabilidade ministerial apresentado pelo governo — Accusação da commissão de infracções sobre a nomeação de um presidente de conselho — Forças do governo e da opposição na camará electiva — Violência que adquirem os ataques da opposição — Iniciam-se os accordos — D. Miguel é banido para sempre de Portugal — Politica ministerial — A camará dos pares e a lei de liberdade de imprensa — O governo communica ás camaras que a rainha vae desposar o príncipe Augusto de Leuehtenberg — Rasões que houve para a escolha do noivo — Difficuldades por parte d'este em acceitar a mão da rainha — Condições inacceitaveis — Segredo que foi mister guardar sobre as negociações — A escolha do príncipe Augusto Leuehtenberg é bem recebida por todo o partido liberal — Dotação do príncipe e enxoval da rainha — Termina a sessão extraordinária do parlamento — Discurso de encerramento lido pela rainha — Reahre-se o parlamento, que logo é encerrado — Tentativas para attrahir Saldanha ao partido governamental — Reabertas novamente as camaras, a opposição inicia uma vigorosíssima campanha contra o governo — Mensagem de um grande numero de deputados pedindo a demissão do ministério — Saldanha abandona os seus antigos amigos e torna-se ministerial — Chegada do príncipe Augusto, acção nobilíssima destinada a commemorar a sua vinda, ratificação do seu casamento, discurso que pronuncia na camara dos pares por occasião de tomar ali assento — O príncipe é nomeado commandante em chefe do exercito — Tal nomeação levanta grande opposição — Doença e morte do príncipe — Tumultos que a noticia d'esta occasiona — Mensagem da camara dos deputados pedindo á rainha para que contráiha segundas núpcias — Resposta da rainha — Termina a sessão ordinária — Faz-se a historia d'ella — Carta de José Passos — O presidente do conselho e o ministro da justiça demittem-se — Dois ministros novos — O conde de Linhares presidente do conselho — Difficuldade em encontrar noivo para a rainha — Demissão do ministério — Golpe de vista sobre a sua administração — Plano financeiro do antigo ministro da fazenda Silva Carvalho — Indemnisações — A opposição não conquista o poder, é este que se lhe entrega — Ministério de conciliação presidido por Saldanha — Os novos ministros e o seu passado politico — Applauso geral e unanime com que é recebido — Programma ministerial apresentado por cada um dos novos ministros — Annuncios de tempestade — Alterações na atmosphera politica annunciadas diariamente pelo "Nacional" — Crise ministerial que se avizinha — A rainha procura afastal-a nobilissimamente — O ministro da fazenda Campos pede a demissão, que lhe é acceita — Manifesta-se abertamente a crise ministerial, que influencias palacianas procuram resolver em proveito próprio — É julgada indispensável a entrada de Silva Carvalho para o ministerio — Rodrigo da Fonseca Magalhães ministro do reino — A antiga opposição de novo em campo — Tratado de 1810 — O marquez de Loulé é subslituido na gerência da pasta da marinha por Jervis de Athouguia — O conde de Lavradio encontra emfim um noivo para a rainha — O principe de Carignan tão depressa escolhido como rejeitado — Assenta-se a final na escolha do principe Fernando Coburgo para marido da rainha — Tratado com a Hespanha sobre a livre navegação do Douro — Procedimento inqualificável de Saldanha para com Sá da Bandeira — Apologia que este faz dos seus serviços, e põe a claro alguns factos pouco honrosos da vida publica de Saldanha — O governo nomeia novos pares, e manda proceder á eleição supplementar do deputados — A campanha eleitoral — A Hespanha reclama o auxilio de Portugal para combater os carlistas em armas — Organisa-se uma divisão auxiliar para este fim — Instrucções dadas ao respectivo commandante — Apreciação injusta que d'ellas faz a opposicão — Projecto para a venda em globo das lezírias do Tejo e Sado — Protestos que levanta — Reforma de instrucção publica — Applausos e protestos com que é recebida — Crise ministerial provocada pela rainha — Esta acceita a demissão do ministério, e logo depois recusa-lh'a — Como se suicida um governo — Intervenção dos commandantes de alguns corpos nos trabalhos eleitoraes — Censura que aos mesmos inflige o commandante em chefe do exercito — Descontentamento que no exercito produz esta providencia — Officiaes desligados dos respectivos commandos — Manifestação militar contra o ministério — Em resultado d'ella e do voto do conselho d'estado, ouvido sobre o assumpto, o governo demitte-se — Novo ministério sob a presidência de José Jorge Loureiro — Os novos ministros — Economias — É revogada a reforma de instrucção publica do ultimo ministério — O governo triumpha nas eleições supplementares para deputados — forças do governo e da opposicão na camará electiva — Extincção do commando em chefe do exercito — Curto alcance das medidas ministeriaes — Os jornaes governamentaes são os primeiros a confessal-o — Estado anarchico em que se encontra o paiz — Realisa-se o segundo casamento da rainha — Discurso lido pela rainha na abertura do parlamento — O governo consegue ter maioria na camará electiva — Novo projecto para a venda das Lezírias — Estado precário do thesouro — Silva Carvalho defende brilhantemente a sua administração — É votado o projecto relativo ás lezírias — O ministro da fazenda, querendo engrandecer os seus méritos de estadista, exagera o mau estado da fazenda publica — Venda dos bens nacionaes a dinheiro de contado — Nas camaras a opposicão ao ministério cresce de dia para dia — Prorogação do tratado de 1810 — Nomeação do principe D. Fernando para commandante em chefe do exercito — O governo, ao ver-se fortemente atacado no parlamento, adia as camarás — Operação financeira mal recebida e peior succedida — Nota curiosa sobre o assumpto, escripta por Silva Carvalho — Demissão do ministro da fazenda — O ministério agonisa — Frieza com que é recebido o príncipe D. Fernando na sua chegada a Lisboa — O governo, encerrando repentinamente o parlamento, apressa a sua queda — Já demissionário nomeia o principe D. Fernando commandante em chefe do exercito — O marquez de Valença é encarregado de organisar ministério, mas depressa resigna a rnissão, que é confiada a Agostinho José Freire.

Duque de Saldanha (1790-1876), c. 1870.
Imagem: Wikipédia


CAPITULO II

A revolução de setembro (pag. 181 a 240)

Novo ministério presidido pelo duque da Terceira — Manuel Gonçalves de Miranda — Silva Carvalho e a situação do thesouro — O principe D. Fernando assume o commando em chefe do exercito — Protesto da opposição — Club dos Camillos [Sociedade Patriótica Lisbonense] — Convocação extraordinária das camaras — O governo fixa previamente o que se deve discutir — Aberto o parlamento, o ministério soffre logo um cheque — Dissolução da camara electiva — Tumultos no Porto — Visita que a esta cidade faz o principe D. Fernando — Incêndio do thesouro — O governo triumpha nas eleições — Deputados eleitos —Annuncios de revolução — O governo pensa em tomar medidas repressivas — Manifestação popular em Lisboa á chegada dos deputados opposicionistas — Soares Caldeira, França e Leonel Tavares heroes do dia — A guarda nacional em armas proclama a constituição de 1822 — O governo em vão procura suffocar a revolta nascente — Fraternisação da tropa de linha com a guarda nacional — A revolução triumphante — Mensagem dos revoltosos á rainha — O governo demitte-se — O conde de Lumiares e o visconde de Sá da Bandeira são encarregados de formar novo governo — Recusa do visconde de Sá — Instancias do principe D. Fernando e do corpo diplomático para que não mantenha esta resolução — Condições impostas e acceitas — Novo ministério —Traços biographicos de cada um dos seus membros — A constituição de 1822 restabelecida — Juramento á nova constituição — Uma revolução em Hespanha foi uma das causas principaes da revolução de setembro — Antecedentes curiosos — Como se consolida a revolução — Situação financeira e economias — Dictadura — Começa a manifestar-se a desunião entre os vencedores — Resistência pacifica á nova ordem de cousas — Muitos funccionarios públi- cos demittem-se para não jurarem a nova constituição — Protesto dos pares do reino contra a nova constituição — Errada politica do partido cartista — A rainha em desconfiança permanente com o ministério — Vieira de Castro tenta em vão fazer desapparecer este preconceito — O principe D. Fernando exonerado do commando em chefe do exercito — Os mareehaes Terceira e Saldanha, nem juram a nova constiluição, nem são demittidos — Febre demissionaria — Tentativas da Bélgica, de accordo cora o gabinete inglez, para intervir nos negócios internos de Portugal — O paço favorecendo o restabelecimento da Carta — Annuncios de um golpe de estado.

Columbine e diversos navios experimentais na barra de Lisboa, John Christian Schetky, 1831.
Imagem: Royal Museums Greenwich

CAPITULO III

A Belemzada (pag. 241 a 358)

Preparativos de desembarqae da esquadra ingleza, surta no Tejo, na noite de 2 de novembro de 1836 — Protestos de Sá da Bandeira de fidelidade á monarchia perante o ministro inglez, e de Passos Manuel perante a rainha — O ministro da justiça Vieira de Castro é instado pela rainha para que de novo se proclame a Carta constitucional — O governo sabe que se conspira — A rainha, por conselhos do rei da Bélgica, deixa o paço das Necessidades e vae para o de Belém — Os ministros, a corte, conselheiros d'estado, auetoridades e corpos da guarnição são chamados por ordem da rainha a Belém — Nem todos obedecem — Golpe de estado — Demissão do ministério e nomeação immediata de outro, de que é presidente o marquez de Valença — Feição politica dos novos ministros — Proclamação da rainha — Passos Manuel propõe em conselho a resistência ao golpe de estado — A guarda nacional em armas — Passos Manuel é chamado a Belém pela rainha — Comité revolucionário em Lisboa — Forças que estavam em Belém — Assassinato de Agostinho José Freire — Photographia da revolução em Belém n'este momento — Franca e nobre exposição de Passos Manuel á rainha — Resposta enérgica de Passos Maimel ás ameaças de lord Howard [de Walden (Sá da Bandeira, Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo, marquês de, The slave trade and Lord Palmerston's bill, 1840)], e um dito pouco feliz do principe D. Fernando — A rainha encarrega o marechal Saldanha e o conselheiro Trigoso de negociarem um accordo com Passos Manuel — Bases d'este accordo — Sá da Bandeira toma o commando da guarda nacional, e á sua frente marcha para Belem — Desembarque das tropas inglezas — Communieação do visconde de Sá ao marechal Saldanha — Reconhece-se afinal em Belém a impossibilidade de restaurar a Carta — Entrevista de Saldanha com Sá da Bandeira — A rainha nomeia Sá da Bandeira presidente do conselho, e deixa-lhe a livre escolha dos ministros — Recebido pela rainha, dicta as suas condições e indica o nome dos seus collegas — Excitação popular — A rainha assigna os decretos da nomeação do novo ministério, e volta para as Necessidades — Trecho de um discurso de Passos Manuel sobre o assumpto — Exemplo da hospitalidade ingleza — Cartas trocadas entre os chefes da contra-revolução triumphante e Silva Carvalho — Restabelecimento da ordem — Generosidade para com os vencidos — Triumvirato — Retrato de Passos Manuel por D. António da Costa — A iniciativa rasgada d'aquelle manifesta-se a uma longa serie de medidas decretadas por elle — Opposição que a Manuel Passos fazem os seus próprios amigos — Atacado na imprensa, defende-se n'uma carta dirigida ao "Nacional" — Decreta-se a elegibilidade dos ministros — Protestos que este decreto levanta por parte de alguns partidários do governo — João Bernardo da Rocha — Como se formou a opposição setembrista ao ministério — Clubs políticos — Eleição de deputados e poderes extraordinários que os mesmos recebem dos eleitores — Abre-se o congresso e fere-se a primeira batalha contra o governo — Discute-se o decreto da elegibilidade — Passos Manuel defende na camará os seus actos como ministro — Representação do partido cartista no congresso — Os poucos deputados d'este partido que foram eleitos renunciam aos seus logares — Situação financeira — Relatório de Manuel Passos — Discussão sobre as leis da dictadura — Defeza brilhante que faz Manuel Passos — Votação no congresso sobre o assumpto — Começa a discutir-se o projecto de uma nova constituição — Importância dos debates — É votada a generalidade d'aquelle projecto — A opposição setembrista no congresso— Votação contraria ao governo — Parece que este a aguardava para deixar o poder — Manuel Passos declara no congresso que se retira do poder — Ministério Passos.

Lisbonne vue du vieux port, François d'Orléans, prince de Joinville, 1842.
Imagem: LMT no Facebook

CAPITULO lV

Conspiração das Marnotas (pag. 359 a 427)

Estado de fraqueza em que se encontrava o partido miguelista quando caiu o ministério Passos — D. Miguel em Roma — Falta de recursos pecuniários com que luctou durante muito tempo (nota) — D. frei Fortunato de S. Boaventura — Protesto de D.Miguel contra a venda dos bens nacionaes — Protecção e apoio que encontrou sempre na corte pontificia — António Ribeiro Saraiva — Os seus primeiros serviços á causa de D. Miguel, e desfavor com que os ministros d'este o trataram — É nomeado secretario de embaixada em Londres — Vem a Portugal com propostas do governo inglez para o reconhecimento de D. Miguel — Estas propostas, que foram rejeitadas, originam alterações no ministério miguelista — Ribeiro Saraiva agenceia a vinda para o exercito miguelista de alguns officiaes e marinheiros estrangeiros — Opposição que a este auxilio faz o ministério miguelista — Testemunho de vários escriptores sobre o aprisionamento da esquadra miguelista — Terminada a lucta entre D. Pedro e D. Miguel, António Ribeiro Saraiva continua em Londres com o mesmo caracter politico que até então tivera — Jornaes que em Portugal e no estrangeiro advogavam a causa de D. Miguel — Ribeiro Saraiva, havendo caído no desagrado do seu rei, é substituído na direcção do partido por D. frei Fortunato de S. Boaventura — Preseguições de que é víctima o partido miguelista era seguida á concessão de Évora Monte — Principia a manifestar-se em differentes pontos do paiz um scisma religioso— Cousas apparentes e reaes d'este scisma — Vista retrospectiva sobre as relações diplomáticas de Portugal com Roma, e apoio que na corte pontifícia sempre encontrou o governo de D. Miguel — Reformas ecclesiasticas decretadas pela regência de D. Pedro, e protestos do papa contra ellas — Tentativas de reconciliação por parte do governo portuguez com a corte pontifícia — Golpe de vista sobre o estado da administração ecclesiastica, e manifestação e progressos do scisma nas differentes dioceses do paiz — Guerrilhas miguelistas no Algarve — O Remechido — Projectos mallogrados de uma revolução combinada entre os miguelistas de Portugal e os carlistas de Hespanha — Tentativa de revolução nas proximidades de Lisboa, e prisão de alguns officiaes do antigo exercito de D. Miguel — Correspondência sobre o assumpto trocada entre o ministro de França e Sá da Bandeira.

Lisboa, Praça de D. Luiz e monumento ao Marquez de Sá da Bandeira, c. 1900.
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal

Nota n.° 1, pag. 429
Nota n.° 2, idem
Nota n.° 3, pag. 432
Nota n.° 4, pag. 433
Nota n.° 5, pag. 440

A verdade histórica e a "Historia da revolução de setembro" pag. 485



Marques Gomes, Luctas caseiras: Portugal de 1834 a 1851, Lisboa, Imprensa Nacional, 1894

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