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sábado, 25 de novembro de 2017

O rapaz dos burros (com Angelo Frondoni e Jan Verhas)

(Com musica do Sr. Angelo Frondoni)

Aquella de verde.
que vae no meu russo,
que tem pela cara
sombrinhas de buço:

Verão na praia de Heist (detalhe), Jan Verhas, 1890.
Imagem: Pinterst

sempre é forte franga!
Nunca vi tal flor!
Vou-me aqui suando
de sede e de amor.

Toca os teus. Canhoto,
bota-os para a estrada
arre burros, burros,
vamos para Almada.

Passeio de burro de Knokke a Heist (detalhe), Jan Verhas.
Imagem: Wikimedia

Se aquella mãosinha
pagasse um almude.
levava-o d'um sorvo
á sua saúde.

Que boca de risos !
Que modo jingão!
Que olhinhos tão gaios!
Ai meu coração!

Passeio de burro na praia, Jan Verhas, 1884.
Imagem: Wikipedia

Levo uma princeza
para a mascarada;
arre burros, burros,
vamos para Almada.

Por lhe dar um choxo
em cima do buço,
dava a vestia nova,
dava mesmo o russo;

Um passeio nas dunas (detalhe), Jan Verhas, 1885.
Imagem: Pinterest

só não dava as calças:
não dava, nem dou:
que n' este joelho
seu pé s'estribou.

Vou aqui, vou morto,
morri de facada;
arre burros, burros,
vamos para Almada.

Não olha, não ouve,
por mais que m'esturro,
correndo e gritando
arre burro, burro.

Burros.
Imagem: Wallpaper

Pois pico-lhe o russo,
pois faço-a estender,
só por ver-lhe as ligas
e depois morrer.

Fica atrás, Canhoto,
vá de galopada ;
arre burros, burros,
vamos para Almada.

Senhoras que passeiam montadas sobre burricos, c. 1814.
Imagem: Google Books

Ha mais de dois annos
que sou burriqueiro,
nunca vi corpinho
tão bom cavalleiro.

Com trote, pinotes,
e couce a zunir,
nem quer que a segurem,
nem sabe cair.

Oferta de Cacilhas ao Hospital da Misericórdia, 1947.
Imagem: António Correia

Nas calças ao menos
quero outra pegada:
parae burros, burros,
chegámos a Almada. (1)


(1) António Feliciano de Castilho, O Outono..., Lisboa, Imprensa Nacional, 1863

Leitura relacionada:
Alforges & Cangalhas

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