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sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Os barcos grandes

A revista do ACP publicou várias informações sobre a exposição [de Sevilha em 1929], nomeadamente sobre a emissão de cadernetas de passagem nas alfândegas para automobilistas não sócios do clube, o que constituía uma excepção, e sobre os itinerários de Lisboa para Sevilha, contando com a travessia por barco de Lisboa para Cacilhas [...]

Largo do Costa Pinto ou de Cacilhas, terminal rodoviário e fluvial, c. 1969.
Ferries da S.M.T., Almadense (atracado) e Alentejense (a chegar).
Imagem: Nuno Bartolomeu

Numa fase inicial, o automóvel, sendo um objecto frágil que apenas funciona num sistema socio-técnico construído em função da sua circulação, teve de recorrer a outros veículos para suplantar as suas limitações.

Largo do Costa Pinto ou de Cacilhas, terminal rodoviário e fluvial, c. 1969 (detalhe).
Imagem: Nuno Bartolomeu

Assim, na travessia de certos obstáculos naturais, como rios que ainda não tinham pontes rodoviárias, tinham de ser transportados por barcos, e no longo curso, devido ao mau estado ou inexistência de estradas, recorriam aos comboios.

Largo do Costa Pinto ou de Cacilhas, terminal rodoviário e fluvial, c. 1969 (detalhe).
Imagem: Nuno Bartolomeu

Neste âmbito, o ACP, como outros clubes automóveis e de turismo europeus, negociaram com companhias de navegação e de caminhos-de-ferro descontos e outras condições especiais para o transporte dos automóveis dos seus associados.

O Almadense chegando a Cacilhas em 1950.
Imagem: José Luis Covita

Assim, desde pelo menos 1908, o ACP tentou estabelecer um acordo com a Parceria de Vapores Lisbonenses, empresa que dominava o transporte fluvial entre Cacilhas e Lisboa desde a segunda metade do século XIX, no sentido de obter descontos para o transporte de automóveis nessa travessia. (1)

Vista do paquete Queen Elizabeth II fundeado no Tejo.

A Parceria de Vapores Lisbonenses foi criada na década de sessenta do século XIX (tinha então o nome de Empresa de Vapores Lisbonenses e era propriedade de Guilherme Burnay). 

Embarque no ferry-boat em Cacilhas.
Imagem: Fotold (fb)

Nos anos trinta do século XX inaugurou uma carreira de ferry-boats para o transporte de veículos e passageiros para o Cais do Sodré, mantendo barcos mais pequenos com destino a Cacilhas. (2)

Veículos de tracção animal na travessia do Tejo, década de 1970.

Nas primeiras décadas do século XX fez alterações, como a introdução de barcos a diesel (1922) ou o alargamento dos cais devido ao aumento do tráfego rodoviário.

Ferry-boat Palmelense (ou Almadense), Amadeu Ferrari.
Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa

Nos anos trinta do século XX, gozando então os sócios do ACP de descontos de dez por cento, esta empresa inaugurou uma carreira de ferry-boats para o transporte de veículos e passageiros para o Cais do Sodré.

Transporte de automóveis num ferry-boat.

O transporte por ferry-boat nesta travessia manteve-se extremamente importante, mostrando-se, no entanto, manifestamente insuficiente face ao aumento do tráfego, até à abertura de uma via continua com a inauguração da ponte Salazar em 1966. (3)


(1) M. Luisa Oliveira e Sousa, A mobilidade automóvel em Portugal, 2013
(2) Jorge de Sousa Rodrigues, Infra-estruturas e urbanização da margem sul, 2000
(1) M. Luisa Oliveira e Sousa, Idem

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