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terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Luiz Gonzaga Pereira, Almada e o Tejo em 1809

Nasceu Luiz Gonzaga Pereira cm Lisboa, na Freguezia de S.to Estevão, em 21 de junho de 1796; era um dos trinta filhos de Joaquim Manoel Pereira, praça do regimento de Beça, onde prestou serviço até 1773, sendo nesse ano nomeado, por provisão régia, mestre da officina de aprestes de artilheria do Arsenal Real do Exercito, cargo que ocupou até 3 de março dc 1823, dia em que faleceu com 90 anos de idade, e 75 de serviço.

Esboços de Paizages d'Mediterraneo e Lisboa, 27.
Montanha da Villa de Almada, Luiz Gonzaga Pereira, 1809.
Museu de Lisboa

Casou em terceiras nupcias com Maria Barbara de Bulhões Diniz, de quem teve, entre outros filhos, Luiz Gonzaga Pereira.

Esboços de Paizages d'Mediterraneo e Lisboa, 28.
Cacilhas, Luiz Gonzaga Pereira, 1809.
Museu de Lisboa

Este casou em 1815 com Maria Antunes, de quem teve 12 filhos. Ainda muito novo já mostrava vocação para o desenho, como se vê pelos exemplares coligidos numa obra, a que adiante faremos referência, feitos com 13 anos de idade a bordo da náu Vasco da Gama, a qual fazia parte da esquadra do Estreito, que nos anos dc 1809 e 1810 cruzava nas aguas do sul de Hespanha e de Portugal, e do norte dc África [...]  (1)

Esboços de Paizages d'Mediterraneo e Lisboa, 29.
Laboratorio de Chimica no Citio da Margueira, Luiz Gonzaga Pereira, 1809.
Museu de Lisboa

NAU VASCO DA GAMA (1792-1822)

Nau de 80 peças construída no Arsenal de Marinha por Torcato José Clavina e António José de Oliveira, foi lançada à água em 15 de Dezembro de 1792, juntamente com a fragata Ulisses e o brigue Palhaço.


Esboços de Paizages d'Mediterraneo e Lisboa, 21.
Cabo da Roca, e Serra de Cintra, Luiz Gonzaga Pereira, 1809.
Museu de Lisboa

As suas dimensões eram de 55,20 metros de quilha, 14,55 de boca e 11,52 de pontal. Com urna guarnição de 663 homens, armava com 28 peças de calibre 36, 32 de 24e 16 de 12. Participou nas Esquadras do Canal de 1793 e 1794.

Esboços de Paizages d'Mediterraneo e Lisboa, 24.
Torre do Bogio, Luiz Gonzaga Pereira, 1809.
Museu de Lisboa

Ficou em Lisboa durante a ocupação francesa por não se encontrar ainda em condições de navegar quando da chegada dos franceses.

Esboços de Paizages d'Mediterraneo e Lisboa, 25.
Trafaria, Luiz Gonzaga Pereira, 1809.
Museu de Lisboa

A sua artilharia foi transferida para a Martim de Freitas. Durante a ocupação francesa serviu de de-pósito aos produtos e materiais saqueados pelos franceses, nomeadamente a prata das igrejas, conventos e capelas de Lisboa.

Esboços de Paizages d'Mediterraneo e Lisboa, 23.
Torre de S. Jião, Luiz Gonzaga Pereira, 1809.
Museu de Lisboa

Tomou parte nas Campanhas do Rio da Prata e de Montevideu em 1816. Ficou no Brasil depois da independência em 1822 [...]  (2)

Esboços de Paizages d'Mediterraneo e Lisboa, 30.
[Mutela, Caramujo], Luiz Gonzaga Pereira, 1809.
Museu de Lisboa

Coligidos em um outro livro ou album, que tem por titulo "Esboços de Paizages d'Mediterraneo e Lisboa".

Esboços de Paizages d'Mediterraneo e Lisboa, 31.
Alfeite, Luiz Gonzaga Pereira, 1809.
Museu de Lisboa

Teve principio em 1809, o qual pertenceu ao sr, José Joaquim d'Ascenção Valdez, e hoje é do auctor desta noticia, encontram-se 130 desenhos, quasi todos aguarelados, dos quaes os 34 primeiros representam vistas de vazios sitios do Mediterraneo, das costas de Portugal, e da Bahia do Tejo até ao Barreiro (?); os 93 imediatos são vistas de aspectos de Lisboa, e de edifícios e locaes da cidade; e os 3 ultimos são copias de assumptos de Loanda. 

Esboços de Paizages d'Mediterraneo e Lisboa, 32.
Seixal, Luiz Gonzaga Pereira, 1809.
Museu de Lisboa

Pela numeração das estampas reconhece-se que o album está incompleto. Quando começou a fazer estes desenhos tinha Gonzaga Pereira 13 anos de edade [...] (3)

Esboços de Paizages d'Mediterraneo e Lisboa, 33.
Bahia do Seixal, Luiz Gonzaga Pereira, 1809.
Museu de Lisboa


(1) Prefácio de A. Vieira da Silva, Monumentos Sacros de Lisboa em 1833...
(2) Revista da Armada n.° 413, novembro de 2007
(3) Prefácio de A. Vieira da Silva, idem

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

O edifício da União Eléctrica Portuguesa

O antigo edifício da União Eléctrica Portuguesa, projectado pelo Arquitecto Francisco Keil do Amaral, surgiu da necessidade que a Companhia Nacional de Electricidade tinha de estabelecer e explorar linhas de transporte e subestações destinadas ao fornecimento de energia eléctrica aos concessionários da grande distribuição.

Almada, edifício da União Eléctrica Portuguesa.
Entrada Conjunto Pormenor.
Arquivo Municipal de Lisboa

A acção de Keil do Amaral cobriu uma área geográfica que se estende por toda a península de Setúbal. O complexo que integrava a subestação tinha um programa eminentemente industrial de produção, transformação e transporte de energia. No entanto, era ainda neste local que se situavam todos os serviços de apoio ao transporte de energia.

Em termos da evolução histórica da zona a intervir, pode-se claramente distinguir quatro fases, todas elas temporalmente situadas no século XX.

A fase inicial, realizada entre 1930 e 1940, traduziu-se num pequeno edifício residencial, de autor desconhecido, característico da arquitectura do regime de então. 

Almada, geradora eléctrica, localizada no Campo de S. Paulo, ed. desc., década de 1930.
Imagem: Arquivo Nacional da Torre do Tombo

A segunda fase foi já protagonizada pelo arquitecto Francisco Keil do Amaral, em 1940. O edifício em forma de L e a sua torre vertical ficaram acabados em 1945 e tinham como fim alojar os escritórios da União Eléctrica Portuguesa.

Almada, rua Bernardo Francisco da Costa, ed. desc., década de 1960.

Com o passar do tempo foi necessário expandir os escritórios e criar armazéns, tendo-se assim dado início à terceira fase. Grande parte desta inter- venção constava já do projecto original de Keil, ao qual foi apenas necessário acrescentar a casa do Guarda e a conexão com o edifício pré-existente.

Almada, edifício da União Eléctrica Portuguesa.
Escada Fachada.
Arquivo Municipal de Lisboa

A quarta e última fase consistiu numa série de adições necessárias de re- alizar, tal como o novo volume em betão que servia para estacionamento. Na construção e no acabamento da obra de Keil foram usadas paredes duplas de tijolo, rebocadas com argamassa de cimento e areia ao traço de 1x4 e pintadas com “aquella”. Ao nível dos pavimentos, foram colocados mosaicos de “marmorite” e de cimento com óxido de ferro.

Almada, edifício da União Eléctrica Portuguesa.
Sala de vendas.
Arquivo Municipal de Lisboa

Adicionalmente, nesta obra usou-se ainda um vasto conjunto de materiais, nomeadamente socos de cantaria bujardada provenientes de Sesimbra, caixilharias de pinho pintadas a esmalte, com uma vidraça mecaniza- da nacional de 4mm, e ainda telha “marselha”, em lugar da tradicional telha “lusa”. (1)


(1) Reabilitação da antiga subestação da união eléctrica portuguesa, em Almada (abstract)

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