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quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Alma minha gentil, que te partiste

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no céo eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

Rainha D. Estefânia, Karl Ferdinand Sohn, 1860.
Imagem: Palácio Nacional da Ajuda

Se lá no assento ethereo, onde subiste,
Memoria desta vida se consente,
Não te esqueças de aquelle amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.

Paço Real do Alfeite, Aguarela, Enrique Casanova
Imagem: Cabral Moncada Leilões

E se vires que póde merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remedio, de perder-te;

D. Pedro V, William Corden sobre original de Winterhalter.
Imagem: Palácio Nacional da Ajuda

Roga a Deos que teus annos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou. (1)


(1) Obras Completas de Luiz de Camões... Tomo I, Parnaso..., Vol. 1, Sonetos, Porto, Imprensa Portugueza Editora, 1874

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