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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Grupo Dramático Recreativo de Cacilhas

Acaba de se fundar na localidade de Cacilhas, por alguns rapazes da nossa melhor sociedade, um grupo dramático intitulado "Grupo Dramático Recreativo".

Pontal de Cacilhas, ed. Alberto Malva/Malva & Roque, 135, década de 1900
Delcampe

Este grupo que tem por sede uma bella e pittoresca habitação situada na rua Carvalho Freirinha, além de ser a uníca associação de recreio n'aquella localidade, é sem duvida, um delicioso passatempo para todos aquelles que já se inscreveram no numero dos seus associados. 

Cacilhas (Portugal), Largo do Costa Pinto, ed. Martins/Martins & Silva, 18, década de 1900
Delcampe

Brevemente tem lugar a primeira recita, em que sóbe à scena o commovente drama em 3 actos, Escravos e Senhores, e a engraçada comedia em 1 acto Valentes e Medrosos [a fingir].

Projecta se uma corrida de bycicletes nos meados de junho proximo, em que tomarão parte distinctos amadores d'esse genero de sport, residentes n'esta Villa. 

Rua Direita, Cacilhas, ed. desc., década de 1900
Delcampe, Oliveira

O sr Demetrio Lopes, proprietario da "Maison Confiance" já fez acquisição de diversas machinas para o mesmo fim. (1)

Passou a denominar-se "Club Recreativo José Alvelino", o "Grupo Dramatico Recreativo, de Cacilhas".

É definitivamente no dia 6 de maio proximo, que se realiza na séde d'este Club, a primeira recita brilhantemente ensaiada pelo sr. Antonio Luiz Avellar, e dedicada pela direção aos socios e suas familias. 

João Rafael

As obras na organisação do palco e sala desta sympathica agremiação encontram-se quasi concluídas. A direcção composta de distinctos e bem conceituados cavalheiros esforça se, para que esta festa seja revestida do maior deslumbramento possivel. (2)


(1) A Liberdade n.° 1, 15 de abril de 1906
(2) A Liberdade n.° 2, 29 de abril de 1906

Artigo relacionado:
Clube Recreativo José Avelino

Informação relacionada:
Ministério da Administração Interna: Club Recreativo José Avelino (1924)

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Recordação de Cacilhas

Em Cacilhas tudo é primitivo, rústico, muito à moda provinciana. E os garotos, de epiderme clara, limpa, fortes rosêtas nas faces, pés descalços e barretes, negros à cabeça, falam uma linguagem pitoresca e pedem um escudo, enquanto as mulheres, de lenço sarapintado e saia de chita arregaçada, põem a mão em concha, junto aos lábios, para gritar o nome dos filhos que jogam "às escondidas", no adro da igreja.

Rua Carvalho Freirinha em Cacilhas (detalhe), década de 1960.
Arquivo Municipal de Lisboa

Todo esse caleidoscópio, e o exame, desse precioso material humano, simples mas rico de colorido, forte de nuanças vivas, tem de ser apreciado com a celeridade de um átomo. As horas voam. 

O Berlinde por um Óculo, fotografia de Fernando Barão.
Casario do Ginjal

Os convites para novas excursões aumentam; e uma única certeza nos assalta: dentro de alguns dias, tudo isso será uma recordação. Grata e imorredoura, das mais felizes, mas apenas recordação. (1)


(1)  Celestino Silveira, De Lisboa e da província... Revista da Semana n.° 2, 1950

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Egreja do Espírito Santo

Encontra-se bastante arruinada esta pequena mas elegante egreja situada no centro da vila d'Almada, em cujo templo estão patentes aos fieis as sagradas Imagens da Paixão, que antigamente sahiam em procissão, no domingo de Ramos, Imagens de subido valor artistico de muito merecimento.

Largo do Espírito Santo, espólio Cassiano Branco.
Arquivo Municipal de Lisboa

A irmandade que alli presta culto, é pobre, e não possue rendimentos para que possa accudir ás obras indispensaveis, de que carece a referida Egreja, que é propriedade do Estado, e n'esta conformidade o rev.° parocho, com a mai-ria dos seus parochianos, habitantes d'Almada, assignados em um memorial, pediram ao governo as precisas obras, a exemplo do que se tem feito a outras Egrejas, as quaes não são pertencentes ao Estado. 

Rua Dr. Francisco Inácio Lopes, espólio Cassiano Branco.
Arquivo Municipal de Lisboa

Este pedido foi feito e entregue no ministerio das obras publicas em 24 de maio de 1897, sem que até hoje tenha tido deferimento. 

A velha travessa do Espírito Santo, espólio Cassiano Branco.
Arquivo Municipal de Lisboa

Pedimos ao sr. ministro das obras publicas, se digne ordenar a desejada obra, não só pelos motivos expostos, como tambem pela conservação dos objectos de culto que alli existem, e proporcionar trabalho a alguns dos muitos operarios que se encontram desempregados.

Eduardo Tavares [As Instituições, propriedade de] (1)


(1)  As Instituições, domingo 20 de março de 1898

Artigo relacionado:
Salão das carochas
Almada no espólio do arquitecto Cassiano Branco