Conegundes Alonso Miranda,
Embarcou n'um vapor do Burnay,
Que sem p'rigo a levou á Outra-Banda.
Pontos nos ii, 27 de setembro de 1888 |
P'ra zombar das negaças d'um callo
Um gerico tomou d'aluguer:
Que tal como do inglez o cavallo
Desafeito era já de comer,
Pontos nos ii, 27 de setembro de 1888 |
E em Cacilhas no lombo do onagro
A bojuda Aragão Salome
Faz que o burro tão pôdre, tão magro,
Muito a custo se tenha de pé.
Pontos nos ii, 27 de setembro de 1888 |
Com tal carga, nas fórmas horrenda,
A alimaria, com visos d'equestre,
Mais parece uma aranha estupenda
Tendo ás costas o globo terrestre.
Pontos nos ii, 27 de setembro de 1888 |
Curto espaço passára ligeiro,
Quando o triste que os lombos tem pôdres,
Como o burro de Guerra Junqueiro,
"Sob o peso vergou de taes ôdres".
Pontos nos ii, 27 de setembro de 1888 |
Altos gritos ao dono isto arranca,
Porque o pobre gerico, bem védes,
'stava longe de ser a alavanca,
Com que o mundo ergueria Archimedes.
Pontos nos ii, 27 de setembro de 1888 |
E no chão ali fica assapado,
Sem que tal Dona Dulce se importe,
P'ra mostrar que é bem certo o dictado:
— 'Té p'ra burro e preciso haver sorte!
M. Cacir [Maximiano Ricca] (1)
(1) Pontos nos ii, 4 de outubro de 1888
Artigos relacionados:
O espreitador do mundo novo
Contos rápidos: uma passeata...
O rapaz dos burros (com Angelo Frondoni e Jan Verhas)
Grande passeio à Outra Banda