Aquella de verde.
que vae no meu russo,
que tem pela cara
sombrinhas de buço:
Verão na praia de Heist (detalhe), Jan Verhas, 1890. Imagem: Pinterst |
sempre é forte franga!
Nunca vi tal flor!
Vou-me aqui suando
de sede e de amor.
Toca os teus. Canhoto,
bota-os para a estrada
arre burros, burros,
vamos para Almada.
Passeio de burro de Knokke a Heist (detalhe), Jan Verhas. Imagem: Wikimedia |
Se aquella mãosinha
pagasse um almude.
levava-o d'um sorvo
á sua saúde.
Que boca de risos !
Que modo jingão!
Que olhinhos tão gaios!
Ai meu coração!
Passeio de burro na praia, Jan Verhas, 1884. Imagem: Wikipedia |
Levo uma princeza
para a mascarada;
arre burros, burros,
vamos para Almada.
Por lhe dar um choxo
em cima do buço,
dava a vestia nova,
dava mesmo o russo;
Um passeio nas dunas (detalhe), Jan Verhas, 1885. Imagem: Pinterest |
só não dava as calças:
não dava, nem dou:
que n' este joelho
seu pé s'estribou.
Vou aqui, vou morto,
morri de facada;
arre burros, burros,
vamos para Almada.
Não olha, não ouve,
por mais que m'esturro,
correndo e gritando
arre burro, burro.
Burros. Imagem: Wallpaper |
Pois pico-lhe o russo,
pois faço-a estender,
só por ver-lhe as ligas
e depois morrer.
Fica atrás, Canhoto,
vá de galopada ;
arre burros, burros,
vamos para Almada.
Senhoras que passeiam montadas sobre burricos, c. 1814. Imagem: Google Books |
Ha mais de dois annos
que sou burriqueiro,
nunca vi corpinho
tão bom cavalleiro.
Com trote, pinotes,
e couce a zunir,
nem quer que a segurem,
nem sabe cair.
Oferta de Cacilhas ao Hospital da Misericórdia, 1947. Imagem: António Correia |
Nas calças ao menos
quero outra pegada:
parae burros, burros,
chegámos a Almada. (1)
(1) António Feliciano de Castilho, O Outono..., Lisboa, Imprensa Nacional, 1863
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