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segunda-feira, 20 de maio de 2019

Ante-projecto do Arsenal de Marinha na margem sul do Tejo

Quando se pretendeu melhorar a nossa marinha, ahi por 1895, chamou-se Croneau para dirigir o arsenal e pôl-o em condições de fabricar os modernos navios de aço. Não é facil saber a quanto montam as despezas feitas desde então em obras e acquisição de machinas-ferramentas, mas pode-se agir mar que mais de 700 contos se gastaram. Durante muito tempo não se pensou na transferencia do arsenal. 

A marinha de guerra Portuguesa em 1899.
O Occidente, dezembro de 1899.

Miguel Paes, que tanto estudou os melhoramentos de Lisboa, viu claro, neste como noutros pontos, e alvitrou a sua mudança para a Margueira.

Lisboa monumental, ilustração, Alonso [Joaquim Guilherme Santos Silva, (1871-1948)].
Hemeroteca Digital

No plano geral das obras do porto de Lisboa [1884] contou-se com a conservação do arsenal. A doca que ficava na sua frente teria na entrada urna ponte rolante rara passagem da linha e avenida marginal. 

Construiram-se carreiras dando para essa doca, ficava um unico dique, de acanhadas dimensões, continuavam a existir todos os defeitos que apontámos. Tão manifestos eram elles, que em 1890 foi uma comissão encarregada de estudar a transferencia do arsenal. 

Dos seus trabalhos resultou o encargo cometido em 1895 a outra comissão de fazer o projecto do novo arsenal entre Cacilhas e a Margueira. (1)

Ante-projeto do Arsenal de Marinha na margem sul do Tejo.
Museu de Marinha

Em 1909 Ayres d´Ornellas publicou O problema naval portuguez [– alguns elementos para a sua resolução, Lisboa, Typ. do Anuário Commercial, 1909]. O oficial do Exército e político, que no ano anterior tinha abandonado a pasta da Marinha, recuperava para o seu livro as propostas que tinha apresentado à Câmara dos Deputados em 5 de Fevereiro de 1907, nas quais preconizava uma Marinha separada em duas componentes.

Uma componente destinava-se à defesa das colónias, dependente dos governadores provinciais e coloniais, contando com cerca de 400 efectivos em "navios adaptados ás condições do clima, e, portanto, muito mais hygienicos". 

Esta Marinha Colonial deveria ser composta por canhoneiras a construir e por três dos cruzadores existentes: o "S. Rafael" (1900-1911), o "São Gabriel" (1900-1925) e o "Adamastor" (1897-1932) "mais economicos no consumo de combustivel, ficariam destinados ao serviço de representação nacional no ultramar, por meio de cruzeiros de fórma que estivessem sempre fóra dos mares continentaes".


Navios da Marinha de Guerra Portugueza no alto mar, Alfredo Roque Gameiro, 1903.
(Da esq. para a dir., cruzador Vasco da Gama, cruzador D. Carlos I, torpedeiro n.°2, cruzador S. Raphael, cruzador D. Amélia, torpedeiro n.° 3, cruzador S. Gabriel, cruzador Adamastor.)
  europeana collections

A proposta não foi bem recebida na Câmara, admitimos que mais por razões políticas do que técnicas. 

Com efeito, o que mais perturbou alguns deputados terá sido a proposta de criação de uma Marinha exclusiva do serviço colonial, a par de uma outra dedicada à defesa metropolitana. As acusações foram pois as de que o ministro pretenderia criar duas marinhas. 

Cruzador Couraçado Vasco da Gama, aguarela de Fernando Lemos Gomes no Museu de Marinha.
Revista Militar

No entanto o tempo passou e foi a República que, em 1912, acabou por criar a Marinha Colonial, que iria sobreviver organicamente até 1926.

Por outro lado, a Marinha que deveria assegurar a defesa metropolitana, que devia ser dotada de dois contratorpedeiros de 300 toneladas, seis torpedeiros de 150 toneladas e dois submersíveis do tipo "Holland"49, todos a mandar construir . Os cruzadores "D. Carlos" (1899-1925, depois "Almirante Reis"), "Vasco da Gama" (1876-1936) e "D. Amélia" (1899-1915, depois "República") constituiriam uma Divisão Naval de Instrução, que deveria estar em situação de armamento completo pelo período mínimo de seis meses em cada ano. 

Alfeite aterro do novo Arsenal (no Alfeite).
Museu de Marinha

O plano também envolvia como elemento de importância fundamental (o que não era uma novidade), a construção de uma base para as operações da Marinha na margem sul do Tejo e de um novo Arsenal na zona da Margueira. (2)


(1) Gazeta dos Caminhos de Ferro, 1 de março de 1959 (cf. Gazeta dos Caminhos de Ferro, 1 de março de 1909)
(2) A Marinha e a Paz "Armada", Planos Navais 1897-1916

Temas:
Marinha
Arsenal do Alfeite

Construção naval
Mais informação:
Relatório apresentado ao Parlamento pelo Ministro da Marinha, 1915 (pesquisa: margem sul))

Outra informação:
Gazeta dos Caminhos de Ferro, 16 de setembro de 1940

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