Praia do Alfeite, António Ramalho (Ramalho Junior), 1881. Imagem: YouTube |
Ha n'elle uma riqueza enorme de tons amarellos, largamente espalhados por toda a parte, — nos altos saibros que se levantam pesadamente á esquerda, no areial immenso que vem descendo até ao rio, e ainda em mais saibros que se alastram, lá ao fundo, reflectindo-se fortemente nas aguas quietas.
Praia do Alfeite (detalhe), António Ramalho (Ramalho Junior), 1881. Imagem: YouTube |
Até, uma pobre mulher que está toda curvada para o chão no primeiro plano, sobre a areia, tem uma saia amarella! Entretanto, todos aquelles tons embaraçosos foram achados com uma felicidade rara, excepto o do grande areial, que é alvejante de mais frio.
Praia do Alfeite (detalhe), António Ramalho (Ramalho Junior), 1881. Imagem: YouTube |
As figuras elegantes das banhistas que passeiam na praia, umas de toilettes simples mas vistosas, e com sombrinhas listradas, outras de lucto, funereas, são d'um desenho primoroso ; e o rapazito que sentado na areia n'ella enterra as mãos, entretido e deliciado, é realmente uma nota curiosa diurna observação feliz.
Praia do Alfeite (detalhe), António Ramalho (Ramalho Junior), 1881. Imagem: YouTube |
As aguas, d'um socego somnolento, são soberbamente tocadas, bordadas d'espumas claras e manchadas d'esverdeamentos fluctuantes d'algas. E todo o quadro, com o monte verdejante que, salpicado de casarias brancas, vae subindo, ao fundo, até ao azul sereno da atmosphera inundada de sol, é d'uma perspectiva excellente, e d'um effeito geral esplendido. (1)
(1) O Occidente, n.° 115, 1 de Março de 1882
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