Vista de Almada tomada do Campo de S. Paulo, Nogueira da Silva, grav. Coelho Junior, 1859. Archivo Pittoresco, Hemeroteca Digital |
Lisboa, a morgada, não tem mais escondida, em sombra e fabulas a sua origem, de que. Almada a sua.
Sôa porém, e se crê, haver esta sido fundada imoles inglezes de Guilherme de Longa-espada, do quem D. Afonso. Henriques se ajudou no arrancar Lisboa oro mouros; e que nome de Amada lhe ficara por corrupção de Vimadel; que na linguagem de então significava povoado grande; nome que da terra se pegou a um nobre seu morador, de quem descende, ao que rezam genealogicos, a esclarecida familia dos Almadas; ainda que outros querem que Almada se appellidasse o sitio, por ser esse. ou com esse parecido, o nume de um arabe (Almades ou Almadão) que alli dominava.
Conjectura-se todavia que a primeira fundação do logar fôra muito mais antiga, existindo já elle em tempo dos romanos dos romanos com a denominação Caetobrix ou Caetobrica.
Em nossos dias, na guerra civil em que se pleitearam e sentenciaram a final os direitos da dinastia representou Almada e Cacilhas, que sob dois nomes são uma e mesma povoação, um papel que a historia, seja quem for que a escrever, ha de sempre qualificar por guapamente heroico: d'alai arrancou vôo de águia sobre Lisboa o duque da Terceira, coroando-se com a mais brilhante fortuna a temeridade mais inaudita.
Ares puros, aguas doces e salubres, abundância de todo o necessario, prospectos infindos terras e mar, tornam Almada sitio mui cobiçado para saude e para regalo, é para as calmas do verão um suplemento de Cintra, se o póde haver, e com duas vantagens: a da economia e da facil e continuada comunicação com Lisboa, por via dos vapores que sem descanso, vão e vêm.
Possue também a sua gloria literária: alli nasceu, viveu, se finou, e jaz sepultado o nosso poeta latino Diogo de Paiva de Andrade. (1)
(1) Archivo Pittoresco n.° 37, 1859
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