Mappas das provincias de Portugal novamente abertos e estampados em Lisboa, João Silvério Carpinetti, 1769. Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal |
Em tempo do insigne Geógrafo Estrabo tinha a boca desta barra 2500 passos ; agora se tem estreitado muito mais, e por causa dos cachopos, que existem no meyo della, se faz difficil a entrada, a qual se divide em dous canaes: o que toma por entre os cachopos, e a fortaleza de S. Gião, chama-se canal da terra, e he perigoso:
Descrição e plantas da costa dos castelos e fortalezas..., Felippe Tersio, 1617. Imagem: Arquivo Nacional Torre do Tombo |
o que vay por entre os cachopos da Trafaria, e a Cabeça seca, ou fortaleza de S. Lourenço , chama-se carreira da alcaçova, e he a mais segura, porque tem 500 braças de largo, e 9 de alto com bom fundo.
Descrição e plantas da costa dos castelos e fortalezas..., Felippe Tersio, 1617. Imagem: Arquivo Nacional Torre do Tombo |
Entrando pela barra dentro, a duas léguas se vê a formosa torre de Belém, obra delRey D. Manoel, fundada 200 passos sobre o Tejo; e continuando a pequena distancia de huma legua da parte do Norte, se vê a grande Cidade de Lisboa:
Vista da parte oriental de Lisboa, Alexandre Jean Noel, início da década de 1790. Imagem: FRESS |
mas como o Tejo forma aqui o mais famoso porto do mundo, e hum grande seyo, fazendo-se navegável no espaço de vinte léguas, posto que não continue na mesma largura, daremos noticia de todos os portos, que ha desde a barra para dentro do Tejo de huma, e outra parte.
Portos do Tejo da parte do Sul:
Trafaria; Portinho de Costa; Torre velha; Porto brandão; Manatega; Alfansina; Arrábida;
Vista da parte ocidental de Lisboa, Alexandre Jean Noel, início da década de 1790. Imagem: FRESS |
Arialva; Fonte da pipa; Cacilhas; Caramujo; Motella; Oliveirinha; Corroyos; Santa Martha; Talaminho; Amora; Rio dos Judeos; Arrentella; Seixal; Rosario; Porto dos PP. Paulistas; Aldeya; Cabo da Linha; Coina; Fornos delRey; Palhaes; A Telha; A Verderena; Barreiro; Lavradio; Barra a barra; Alhos vedros; Moita; Esteiro furado; Sarilhos grandes; Sarilhos pequenos; Aldeya Galega; Lançada; Quinta de D. Maria; Samouco; Alcouxete; Barroca d'Alva; Pancas; C,amora Correa, Benavente; Salvaterra; Escaroupim; Mugem; Santa Martha; Almeirim; Chamusca; Pinheiro; Moita; Barca; Brito; Santa Margarida; Crucifixo; &c.
7 Bateis d'Agoa a'ssima Bateaux du haut Tage, ils transportent des provisions à la Ville et changent aussi de voile come dans la Fig. A Imagem: Todos os barcos do Tejo |
Portos do Tejo da parte do Norte:
S. Gião;
Uma chalupa armada emergindo da foz do Tejo passado o Bugio, Thomas Buttersworth (1768 – 1842). Imagem: Bonhams |
Oeiras; Caxias; Carcavelos; Paço d'Arcos; Cartuxa; Boa Viagem; Santa Catharina; Pedrouços; Belém;
Iate Emily de través para o seu proprietário, Lord Belfast, subir a bordo, ao largo da Torre de Belém, John Christian Schetky (1778 - 1874). Image: artnet |
Junqueira; Santo Amaro; Alcântara; Pampulha; Santos velhos; Caes do Tojo; A Dizima; Remolares; Corpo Santo; Caes da Pedra; Alfama; Caes do Carvao; Bica do Sapato; Santa Apollonia; Cruz da Pedra; Madre de Deos; Xabregas; Grilo; Beato António; Poço do Bispo; A Martinha; Braço de prata; Cabo rubo; Unho de D. Garcia; Marvilla; Olivaes; Sacavém.
Aqui desagua este rio no Tejo por huma grande boca, fazendo huma protundissima foz; e ficando quasi ao Norte da Cidade, volta contra o Noroeste, onde fe encontrão os vistosos portos de Unhos, Frielas, Mealhada, Granja, Marnotas , Santo António do Tojal, &c.
Continuando pela marinha direita, segue-se:
Massaroca; Santa Iria; Povoa; Alverca; Alhandra; Villa-Franca; Povos; Castanheira; Villa-Nova; Azambuja; Casa branca; Valada; Porto de Mugem; Santarém; Azinhaga; Labruja; Cardiga; Barquinha; Tancos; Payo de pelles; Praya; Punhete; Redemoinhos; Abrantes.
Tornando agora a seguir o progresso da marinha do Oceano Lusitanico, prossegue a Costa da Roca de Cintra até o Cabo de Espichel na distancia de oito léguas ao Sudoeste.
Em outro tempo se chamou Promontóio Barbarico, habitação dos povos Sarrios. No cimo desta terra está hum Templo dedicado à milagrosa Imagem de Nossa Senhora do Cabo.
(1) Castro, João Baptista de, Mappa de Portugal antigo e moderno, (in Archive org) Lisboa, officina de de Francisco Luiz Ameno, 1762, 3 vol.
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Panorâmica de Lisboa em 1763
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