Nascido em Lyon em 1728, Jean Pillement foi um dos artistas mais europeus do século XVIII.
Vista de Lisboa, Jean Baptiste Pillement. Imagem: Viático de Vagamundo |
Ao longo da sua carreira, efetua numerosas viagens às capitais europeias, onde conhece um importante sucesso como pintor de chinoiseries e de paisagens.
Vista do Tejo com navios e barcos num mar agitado, Jean Baptiste Pillement, 1790. Imagem: London Art Week 2015 |
Permanece por duas vezes em Portugal, a primeira vez no fim da década de 1740, a segunda cerca de 1780-86, antes de se instalar, provavelmente entre 1786-89, em Madrid.
Influenciado — como muitos outros pintores de paisagens e de marinhas — por Joseph Vernet, por vezes repetitivo nas suas composições de paisagem, Pillement soube aqui sair dos seus hábitos e distanciar-se do caracter eventualmente um pouco decorativo das suas telas e dar provas de uma maior inspiração, com esta atmosfera de bruma matinal azulada e avermelhada entregue com particular talento e poesia.
Pintada em 1785, enquanto Pillement estava em Portugal, esta composição retoma, embora desta vez de um pouco mais longe, a mesma vista que aquela de um pastel executado pelo artista dois anos antes (Londres, 7 julho 2000, lot 100, ill.). (1)
As margens do Tejo efeito de bruma, Les rives du Tage effet de brume, Jean Baptiste Pillement, 1785. Imagem: Christie's |
Estes dois pastéis, excecionalmente grandes, foram feitos em 1782 durante a segunda estadia de Pillement em Portugal, um período que é geralmente visto como o pico da sua carreira.
É durante esta estadia que Pillement com sucesso adiciona pasteis marítimos ao seu reportório. Estes pasteis marítimos, como o presente, mostram influências de artistas franceses, como Claude-Joseph Vernet (1714-1789), e de pintores de paisagens holandeses do século XVII.
Vista do rio Tejo com pescadores em terra e uma torre atrás, Jean Baptiste Pillement, 1782. Imagem: Christie's |
Na década de 1780 Pillement executa diversas vistas do rio Tejo, e como tantos outros temas tratados pelo artista, estas vistas mostram frequentemente composições similares com o uso dos mesmos elementos em diferentes trabalhos. (2)
O porto, Jean Baptiste Pillement, 1781. Imagem: Flickr |
Executada durante a primeira estadia de Pillement em Portugal, esta vista é claramente baseada na paisagem envolvente da foz do rio Tejo; como comparação veja-se a semelhante Vista do rio Tejo com pescadores a puxarem as redes [View of the River Tagus with Fishermen pulling in their Nets], datada de 1782, na coleção do Conde de Alferrarede (catalogo da exposição, Jean Pillement e o paisagismo em Portugal no século XVIII, Lisboa, 1996, p. 104, no. 23), ou Shipping of the Tagus, também de 1782 (P. Mitchell, Jean Pillement Revalued, Apollo, CXVII, January-June 1983, p. 46, fig. 1, 58.5 x 81.3 cm., 'Pillement's mastery of pastel is seen here on an unusually large scale.'). (3)
Vista do Tejo com pescadores em terra numerosos navios e uma ilha com uma torre atrás, Jean Baptiste Pillement, c. 1740. Imagem: Christie's |
Pillement também fez numerosos trabalhos usando composições semelhantes com paisagens com um rio rochoso; por exemplo, a paisagem presente é comparável, de perto, com a Paisagem de montanha [Paysage de montagne: sur une route, un homme sur un âne] no Museé du Louvre, Paris (inv. RF29472, M. Gordon-Smith, Pillement, Krakow, 2006, p. 270, no. 265). (4)
Paisagem com rio rochoso ao pôr-do-sol com pastores e pastoras com os seus animais, Jean Baptiste Pillement, 1782. Imagem: Christie's |
(1) Christie's
(2) Christie's
(3) Christie's
(4) Christie's
Mais informação:
Jean Pillement (1728-1808), um francês em Portugal
2 comentários:
Um Tejo no mínimo estranho, Rui.
abraço
Cenários de opera... um abraço Luís
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