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Vale de Rosal antes de 4 de outubro de 1910. Imagem: Internet Archive |
O solo é arenoso é pouco fértil: os seus horizontes, onde se destaca o verde escuro dos pinhais, são monótonos; as brisas do entardecer espalham sobre os cumes melancólicos das colinas o eco distante das vagas que rebentam na praia. Poderíamos crer reencontrar a solidão dos antigos claustros impregrados ascetismo.
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Vale de Rosal, após o assalto. Imagem: Internet Archive |
Hoje, no entanto, esta região, justamente chamada a Charneca, está pontilhada de pequenas casas rurais brancas e agradáveis escondidas nas dobras do terreno ou expostas nas encostas arredondadas das colinas.
Entre elas, a fazenda de Val de Rosal conservava, graças aos seus edifícios mais imponentes e sobretudo ás suas tradições veneráveis, uma superioridade que não se sonhoria contestar.
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Vale de Rosal, após o incendio. Imagem: Internet Archive |
Não se encontravam nem belezas arquitetônicas, nem qualquer outra maravilha de arte. Mas tudo respirava piedade e recordava as virtudes heróicas dos nossos mártires.
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Vale de Rosal, um corredor interior após o incendio. Imagem: Internet Archive |
A capela tinha sido cuidadosamente restaurada. O retábulo de madeira do altar-mor que representava a Assunção da Santa Virgem, era obra, acreditava-se, de um dos bem-aventurados companheiros abençoados Inácio de Azevedo.
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Vale de Rosal, a capela após o incendio. Imagem: Internet Archive |
Admiravam a inspiração ingênua que nos transporta a esses tempos em que a arte cristã possuía ao mais alto nível, mesmo os artistas de talento inferior, a intuição das realidades sobrenaturais e vivas dos mistérios de Nosso Senhor e de sua Santa Mãe.
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Vale de Rosal, o calvário. Imagem: Internet Archive |
Os azulejos que formavam a frente dos três altares foram a tinham a data de 1568. Tudo neste lugar abençoado merecia ter sido cconservado com veneração.
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Vale de Rosal, o assalto ao calvário e derrube do cruzeiro, 5 de outubro de 1910. Imagem: Internet Archive |
Os professores do colégio de Campolide iam, no verão, passar em Val de Rosal quinze dias de férias.
O povo das redondezas vivia, em grande parte, na mais crassa ignorância das verdades religiosas. Tal família, por exemplo, não fazia sequer baptizar os seus filhos, que cresciam sem nenhuma cultura.
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Vale de Rosal, o calvário após o assalto. Imagem: Internet Archive |
Os lugares de Almada e Cacilhas, em particular, eram conhecidos pelo seu anticlericalismo e grosseiros insultos manifestados, à passagem, a qualquer eclesiástico [...] (1)
(1) Luís Gonzaga de Azevedo, Luís Gonzaga Cabral, pref., Proscrits, Tournai, Établissements Casterman, 1912
Versão portuguesa na Biblioteca Nacional de Portugal:
Luís Gonzaga de Azevedo, Luís Gonzaga Cabral, pref., Proscritos, Valladolid : Florencio de Lara, Editor, 1911-1914
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