quinta-feira, 15 de junho de 2017

Alfeite visto da Piedade em 1850

Será hoje difícil saber quantos álbuns de esboços o artista terá utilizado ao longo do seu acidentado percurso criativo. Mas, certamente, que Cristino [João Cristino da Silva] trazia sempre consigo, nas suas deambulações, um pequeno álbum onde, simultaneamente, ia desenvolvendo a atenção do olhar, disciplinando a destreza da mão e registando a impressão do momento.

João Cristino Silva, auto-retrato (detalhe).
Imagem: Arcadja

Um desses álbuns de desenho terá passado do seu filho, o também pintor João Ribeiro Cristino (1858-1948), para o seu neto, o arquitecto Luís Cristino da Silva (1896-1976), cujo espólio foi doado à Fundação Calouste Gulbenkian na década de 1980, encontrando-se actualmente no fundo documental da Biblioteca de Arte. 

Alfeite visto da Piedade [sic: Val feito - visto da piadade], João Cristino da Silva, Album de desenhos, c. 1850.
Imagem: Álbum de desenhos de João Cristino da Silva (1829-1877) no flickr

Ao longo das duas faces das 68 folhas de papel que o tempo amareleceu, o avô Cristino desenhou apontamentos a grafite e carvão da paisagem e da arquitectura dos locais – Sintra, mas também Cascais, Santarém, Leiria, Buçaco… – por onde se fez a sua vida, e dos elementos animais – burros, bois, vitelos – e vegetais que os habitavam. 

Burro cacilheiro, João Cristino da Silva, Album de desenhos, c. 1850.
Imagem: Álbum de desenhos de João Cristino da Silva (1829-1877) no flickr

São várias as cenas de costumes numa atenção ao pitoresco que caracterizou a pintura do Romantismo nacional. (1)


(1) Álbum de Desenhos, Biblioteca de Arte Gulbenkian

Informação relacionada:
Álbum de desenhos de João Cristino da Silva (1829-1877) no flickr

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