Levei comigo no bote
Uma varina atrevida! ...
Manobrei, e gostei dela,
E lá m'atraquei a ela
Pro resto da minha vida!
Cacilheiro, Rio Alva. |
Às vezes, numa pessoa,
A saudade não perdoa,
Faz bater o coração!
Mas tenho grande vaidade
de viver a mocidade,
Dentro desta geração!
Sou marinheiro,
Neste velho cacilheiro,
Dedicado companheiro,
Pequeno berço do povo!
E navegando ...
A idade foi chegando ...
O cabelo branqueando ...
Mas o Tejo é sempre novo!
Cacilheiros na Estação Fluvial de Cacilhas no final de 1973. Nuno Bartolomeu no Facebook |
Todos moram na rua
A que chamam sempre sua,
Mas eu cá não os invejo.
O meu bairro é sobre as águas
Que cantam as suas mágoas
E a minha rua é o Tejo!
Embarcações no Tejo. Delcampe |
Certa noite de luar,
Vinha eu a navegar
E de pé, junto da proa!
Eu ouvi, ou então sonhei
Qu'os braços do Cristo-Rei,
Estavam a abraçar Lisboa!
Zé Cacilheiro José Viana, Zero Zero Zé (ordem para pagar), 1966. As canções da minha vida |
Sou marinheiro,
Neste velho cacilheiro,
Dedicado companheiro,
Pequeno berço do povo!
E navegando ...
A idade foi chegando ...
O cabelo branqueando ...
Mas o Tejo é sempre novo!
No desejo de organizarmos uma colectânea de poesias olisiponenses, publicamos hoje «Cacilheiro» da autoria do Sr. Paulo Fonseca, interpretado pelo actor José Viana, na revista Zero Zero Zé — Ordem para pagar. (1)
(1) Olisipo, N.os 117/118, ANO XXX, Janeiro/Abril 1967
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