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A marinha de guerra Portuguesa em 1899. O Occidente, dezembro de 1899. |
Miguel Paes, que tanto estudou os melhoramentos de Lisboa, viu claro, neste como noutros pontos, e alvitrou a sua mudança para a Margueira.
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Lisboa monumental, ilustração, Alonso [Joaquim Guilherme Santos Silva, (1871-1948)]. Hemeroteca Digital |
No plano geral das obras do porto de Lisboa [1884] contou-se com a conservação do arsenal. A doca que ficava na sua frente teria na entrada urna ponte rolante rara passagem da linha e avenida marginal.
Construiram-se carreiras dando para essa doca, ficava um unico dique, de acanhadas dimensões, continuavam a existir todos os defeitos que apontámos. Tão manifestos eram elles, que em 1890 foi uma comissão encarregada de estudar a transferencia do arsenal.
Dos seus trabalhos resultou o encargo cometido em 1895 a outra comissão de fazer o projecto do novo arsenal entre Cacilhas e a Margueira. (1)
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Ante-projeto do Arsenal de Marinha na margem sul do Tejo. Museu de Marinha |
Em 1909 Ayres d´Ornellas publicou O problema naval portuguez [– alguns elementos para a sua resolução, Lisboa, Typ. do Anuário Commercial, 1909]. O oficial do Exército e político, que no ano anterior tinha abandonado a pasta da Marinha, recuperava para o seu livro as propostas que tinha apresentado à Câmara dos Deputados em 5 de Fevereiro de 1907, nas quais preconizava uma Marinha separada em duas componentes.
Uma componente destinava-se à defesa das colónias, dependente dos governadores provinciais e coloniais, contando com cerca de 400 efectivos em "navios adaptados ás condições do clima, e, portanto, muito mais hygienicos".
Esta Marinha Colonial deveria ser composta por canhoneiras a construir e por três dos cruzadores existentes: o "S. Rafael" (1900-1911), o "São Gabriel" (1900-1925) e o "Adamastor" (1897-1932) "mais economicos no consumo de combustivel, ficariam destinados ao serviço de representação nacional no ultramar, por meio de cruzeiros de fórma que estivessem sempre fóra dos mares continentaes".
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Navios da Marinha de Guerra Portugueza no alto mar, Alfredo Roque Gameiro, 1903. (Da esq. para a dir., cruzador Vasco da Gama, cruzador D. Carlos I, torpedeiro n.°2, cruzador S. Raphael, cruzador D. Amélia, torpedeiro n.° 3, cruzador S. Gabriel, cruzador Adamastor.) europeana collections |
A proposta não foi bem recebida na Câmara, admitimos que mais por razões políticas do que técnicas.
Com efeito, o que mais perturbou alguns deputados terá sido a proposta de criação de uma Marinha exclusiva do serviço colonial, a par de uma outra dedicada à defesa metropolitana. As acusações foram pois as de que o ministro pretenderia criar duas marinhas.
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Cruzador Couraçado Vasco da Gama, aguarela de Fernando Lemos Gomes no Museu de Marinha. Revista Militar |
No entanto o tempo passou e foi a República que, em 1912, acabou por criar a Marinha Colonial, que iria sobreviver organicamente até 1926.
Por outro lado, a Marinha que deveria assegurar a defesa metropolitana, que devia ser dotada de dois contratorpedeiros de 300 toneladas, seis torpedeiros de 150 toneladas e dois submersíveis do tipo "Holland"49, todos a mandar construir . Os cruzadores "D. Carlos" (1899-1925, depois "Almirante Reis"), "Vasco da Gama" (1876-1936) e "D. Amélia" (1899-1915, depois "República") constituiriam uma Divisão Naval de Instrução, que deveria estar em situação de armamento completo pelo período mínimo de seis meses em cada ano.
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Alfeite aterro do novo Arsenal (no Alfeite). Museu de Marinha |
O plano também envolvia como elemento de importância fundamental (o que não era uma novidade), a construção de uma base para as operações da Marinha na margem sul do Tejo e de um novo Arsenal na zona da Margueira. (2)
(1) Gazeta dos Caminhos de Ferro, 1 de março de 1959 (cf. Gazeta dos Caminhos de Ferro, 1 de março de 1909)
(2) A Marinha e a Paz "Armada", Planos Navais 1897-1916
Temas:
Marinha
Arsenal do Alfeite
Construção naval
Mais informação:
Relatório apresentado ao Parlamento pelo Ministro da Marinha, 1915 (pesquisa: margem sul))
Outra informação:
Gazeta dos Caminhos de Ferro, 16 de setembro de 1940
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