Do programa apresentado o governador civil apenas aprovou a sessão na Incrível Almadense no dia 4 e um jantar de confraternização de republicanos deixando de fora a romagem à casa onde nasceu Elias Garcia por razões óbvias de retirar visibilidade à celebração da efeméride adivinhando um cortejo cívico com alguma expansão que pudesse constituir uma manifestação aberta e espontânea de repúdio ou de questionamento das instituições.
Foi no sentido de exercer controlo e vigilância sob o evento que Fernando Gouveia e a brigada liderada por Manuel de Medeiros se deslocaram a Almada. A sessão na Incrível Almadense foi presidida por Câmara Reis, secretariado por Firmino da Silva e Henrique Barbeitos e teve como oradores Rodrigues Lapa, José Alaíz, Herculano Pires, Edmundo Vieira Ferreira, João Pedro Martins Calvário e José Correia Pires na presença de uma numerosa assistência onde foram notadas mulheres e menores.
Foi aprovada uma moção enviada por Amadeu de Almeida Ferrão e Mário Fernandes que propunha que a comissão organizativa da sessão continuasse para organizar a nova campanha eleitoral, ao passo que no jantar de confraternização celebrou-se um minuto de silêncio pelos que morreram pela República em 1910 e implicitamente pelos perseguidos e mortos pelo regime.
Neste evento ainda vemos antigos republicanos, como Firmino da Silva, embora esteja já dominado pela oposição comunista.
Casa de pasto e retiro de José Pancão à direita na foto. Museu da Cidade de Almada |
Estes eventos constituíam momentos de contestação ao se celebrar a democracia, a coberto da República, ou seja, não era uma comemoração da Primeira República, mas da liberdade que existia durante a sua vigência e, portanto, quando se vitoriava a República era este o seu significado. (1)
(1) Paulo Emanuel Ramos Jorge, A oposição ao Estado Novo no Concelho de Almada (1933-1974), 2019
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