O Provedor, Officiaes, e mais Irmãos Conselheiros da Meza da Irmandade da Virgem Nossa Senhora da Piedade da Cova de Mutella, limite da Villa de d'Almada, querendo nesta ocasião de público regozijo pela paz da Europa, restituição dos Monarcas aos seus Estados, e chegada do Exercito Portuguez a Patria, dar ao Altissimo as devidas graças; e muito principalmente pelos singulares favores liberalizados nesta época a este Reino, dando ás suas armas assignaladas victorias;
Esboços de Paizages d'Mediterraneo e Lisboa, 27. Montanha da Villa de Almada, Luiz Gonzaga Pereira, 1809. Museu de Lisboa |
celebrarão huma festa de acção de graças em o Domingo 28 de Agosto na sua Igreja, com illuminação na vespera, Missa cantada, com musica vocal e instrumental escolhida: no fim da Missa houve Te Deum, acompanhado pela mesma musica: foi Orador o Reverendo Doutor José Maria, da Ordem de S. Paulo Eremita; e de tarde o P. João dos Santos, que desempenharão com a sua costumada eloquencia tão digno assumpto.
Lisbon from Fort Almeida [sic], Drawn by C. Stanfield from a Sketch
by W. Page, Engraved by E. Finden, Fieldmarshal The Duke of Wellington Cesar Ojeda |
Houve Procissão em que sahio o Santissimo conduzido pelo Reverendo P. Prior da Freguezia do Castello, e as Imagens de Nossa Senhora da Piedade, da Victoria, e do Rozario; sendo esta a primeira vez, que em tal sitio se fez Procissão, a que assistio grande concurso de povo, reluzindo no rosto de todos a alegria, e compunção, de que estarão possuidos os seus corações.
Foi todo este acto acompanhado por huma Guarda do Regimento da Policia, a qual deu no fim as descargas do costume, Nessa mesma noite houve festins no arraial, e se executarão muitas peças de musica exceliente. (1)
“As tropas portuguesas rivalizaram, como é de seu costume, em valente conduta com os seus irmãos de armas do Exército britânico (...) não só sustentaram até ao fim o seu carácter valoroso, e de excelentes soldados, mas ainda aumentaram a sua glória, e a da sua nação por este feito de armas” (cf. Ferreira Martins, História do Exército Português. Editorial Inquérito Limitada, Lisboa, 1945).
Battle of Toulouse (detail) engraved by T. Sutherland and D. Havell, 1814-1815. Wikipedia |
Das 4.714 baixas (599 mortos) entre os aliados os portugueses perderam 607 (78 mortos)61. Com estas últimas baixas somavam-se assim mais de 21.141 baixas as dos portugueses ao serviço do exército anglo-português em 6 anos de Guerra Peninsular. Para além destas baixas há os milhares que morreram no exército português territorial, nas milícias e nas ordenanças e ainda os 300.000 mortos da população de Portugal.
Terminara assim a Guerra Peninsular em que ficou confirmada “A constância dos espanhóis, a firmeza dos ingleses, e o valor dos portugueses” (cf. Cláudio de Chaby, Excertos Históricos e Coleção de Documentos relativos à Guerra denominada da Península, vol. V, 1881).
Enquanto o exército britânico embarcava em Bordéus para Inglaterra e América os portugueses regressaram a pé, através de Espanha, a Portugal. Entraram nos finais de julho e inícios de agosto, pela Beira e por Trás-os-Montes (cf. Luz Soriano, História da Guerra Civil... tomo iv, parte ii, 1876) (2)
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(1) Gazeta de Lisboa, sexta-feira 9 de setembro de 1814
(2) Nuno Lemos Pires, O Exército Português na Libertação de Espanha em 1813-1814
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Tema:
Guerra Peninsular
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