Viata da Quinta do Outeiro, Caramujo e enseada da Cova da Piedade, Francesco Rocchini, anterior a 1895. Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa |
A Quinta do Outeiro apesar de ser da Capela instituída pelo Doutor Manuel Lucas da Silva, e sua mulher Dona Catarina Josefa de Lima, administrada pelo Doutor José da Silveira Zuzarte, foi incorporada na Quinta do Alfeite por a utorização da Rainha a Senhora Dona Maria 1ª, concedida por Alvará de 15 de Maio de 1789. (2)
Em 1834, pelo decreto lei de 18 de Março é extinta a Casa do Infantado e passados 10 anos é feito um tombo da Real Quinta do Alfeite a 21 de Março de 1844, pelo almoxarife Severiano Fernandes de Oliveira onde nos é dado a conhecer a relação de prédios do circulo administrativo do Almoxarifado do Alfeite [...]
Plano Hydrográfico do Porto de Lisboa (detalhe), 1847 |
[Relativamente à] Quinta do Outeiro - constituída por um prédio urbano (casas de habitação e várias casas de acomodações, cavalariça e palheiro e seis armazéns grandes) e prédio rústico (um bocado ajardinado, horta, vinha, arvores de pevide e caroço, e de espinho, poço com engenho e dois tanques) [...] (3)
Aproveitando a tradição do local para a prática da querenagem e as condições naturais de um baldio que existia junto à Quinta do Outeiro, uma das sete propriedades que a Casa do Infantado possuía no Alfeite, o industrial António José Sampaio instala um pequeno estaleiro nesse terreno junto ao salgado do rio, confinando a Sul com a referida Quinta do Outeiro, a Poente com a Romeira Velha, a Norte com o Caramujo e a Nascente com o rio Tejo.
Este estaleiro, vocacionado apenas para a construção de embarcações em madeira, encontrava-se em plena laboração em 1850 [...] (4)
[...] a Quinta do Outeiro tinha já sido vendida no tempo do Rei D. Luís à firma Rankin & Sons; (5)
Panorâmica da fábrica William Rankin & Sons na quinta do Outeiro no Alfeite, 1885. Imagem: Alexandre M. Flores, Almada na história da indústria corticeira e do movimento operário... |
A propriedade arrendada pela administração da Casa Real à William Rankin & Sons, foi depois comprada pela firma ao rei D. Luis, em hasta pública, em 1887, por vinte contos de réis.
Compreendia cinco armazéns, cavalariça, cocheira, casa para criados, palheiros, adega, lagar, casa de habitação com terreno para logradouro e terreno junto à praianuma área de 5168 m2.
Em 1898, a firma compra, também em hasta pública, ao rei D. Carlos, mais uma porção de terra com uma pequena casa e pomar, por cinco contos de réis e com a condição da William Rankin & Sons construir um muro com dois metros de altura para garantir a privacidade da Quinta Real do Alfeite.
Enseada da Cova da Piedade, c. 1900. Em 1.° plano o pontão e a entrada da quinta do Alfeite e, em 2.°, o cais da Rankin & Sons. Imagem: Museu da Cidade de Almada |
Segundo Carol Mason, Cunison Deans Rankin adquire, em 1905, um estaleiro junto da fábrica, com anexos situados "na rua da praia" de acesso à quinta do Outeiro, à familia Sampaio, por dois contos de réis. (6)
A corticeira Rankin & Sons Ltd instalou-se na zona ribeirinha do Outeiro do Alfeite em 1884.
A preparação de pranchas de cortiça para exportação foi a actividade principal da fábrica durante os primeiros anos de funcionamento [...]
A Rankin & Sons Ltd concentrou um grande número de mão-de-obra especializada, homens e mulheres divididos por sectores fabris, correspondentes às diversas fases da cadeia de produção.
Quinta do Outeiro do Alfeite, fábrica da Rankin and Sons, 1937. Imagem: Rui M. M. Mendes |
Esta corticeira constitui um exemplo do tipo de fábricas que se instalaram no Concelho. Acompanhou os períodos de recessão e de incremento no sector, o início das lutas operárias e a mobilização sindical e cooperativa dos trabalhadores. Encerrou definitivamente em 1956. (7)
(1) R. H. Pereira de Sousa, Almada, Toponímia e História, Almada, Biblioteca Municipal, Câmara Municipal de Almada, 2003
(2) Susana Maria Lopes Quaresma e Pereira, O palácio real do Alfeite..., Lisboa, Universidade de Lisboa, 2009, 5 Vols., cf. Alexandre M. Flores, António Neves Policarpo, Arsenal do Alfeite: contribuição para a história naval em Portugal, Junta de Freguesia, Laranjeiro, D. L. 1998, 2003
(3) Artur Vaz, Jornal da Região – Almada, 12. de julho de 2000
(4) Deputados do Grupo parlamentar do PCP, Cria o Museu Nacional da Indústria Naval, Lisboa, Parlamento, 2005
(5) Susana Maria Lopes Quaresma e Pereira, op. cit.
(6) Alexandre M. Flores, Almada na história da indústria corticeira e do movimento operário (1860-1930), Câmara Municipal de Almada, 2003, cf. Alexandre M. Flores, Almada antiga e moderna, roteiro iconográfico, Freguesia da Cova da Piedade, Almada, Câmara Municipal de Almada, 1990
(7) Fábrica da Rankin & Sons
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