quinta-feira, 18 de maio de 2017

Fortes, esbeltas e um pouco ariscas

Nunca encontraram, á hora do desembarque, as mulheres dos figos? 

Lisboa.Vendedeira de figos, Joshua Benoliel, 1912.
Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa

Veem, ainda fusque fusque, da Outra banda, no primeiro bote de carreira, com os seus grandes cestos. Apparecem no caes de Cacilhas de noite ainda, e vão ellas próprias muitas vezes accordar os barqueiros e avisal-os de que já se avista a manhã.

Lisboa.Vendedeira de figos, Joshua Benoliel, 1912.
Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa

São, em geral, raparigas fortes, esbeltas; um pouco ariscas, como dizem, os saloios, da terra que é secca e solta.

Lisboa.Vendedeira de figos, Joshua Benoliel, 1912.
Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa

Debalde os barqueiros se estafam em finezas e lhes juram emquanto remam que depois de acabar a lua são ellas a estrella d'alva: nem lhes dão um sorriso, nem um figo.

Lisboa.Vendedeira de figos, Joshua Benoliel, 1912.
Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa

Essa mesma rebeldia os seduz, e ainda mais porfiam em as alcançar, esperando-as sem somno á hora em que ellas voltam da Sobreda, do Monte, de Caparica, de Valmourellos. (1)


(1) JuIio César Machado, Lisboa na rua
cf. Alberto Pimentel, A Estremadura portuguesa, Volume II, Lisboa, Empreza da História de Portugal, 1908, 539 págs.

4 comentários:

SCALA disse...

Muito bom!

abraço Rui

Rui Granadeiro disse...

Obrigado Luis,
Um abraço

Carlos Caria disse...

Obrigado pela partilha. Qua saudades dos figos, mas ainda vou ter de esperar até Agosto para comer dos meus.Abraço e bom fim de semana.

Rui Granadeiro disse...

Obrigado Carlos Caria,
Um abraço, boa semana