sábado, 9 de julho de 2022

O prédio azul

À beira cais, sobressaía o imponente prédio construído na década de 1850, com a sua fachada frontal forrada de azulejo azulado por debaixo do qual através da entrada pela porta com o no 52, se tinha acesso não só à habitação do primeiro piso mas também acesso por outra porta ao espaço existente no piso térreo, onde em tempos existiu a Taberna do “Luis dos Galos”, para além da escadaria ao fundo do corredor por onde se chegava ao Pátio do Ginjal.

O prédio azul no Cais do Ginjal.
O Pharol n° 47, dezembro 2021

Todo o 1° piso do prédio destinado a habitação constituía um só fogo com 8 assoalhadas e nele residia o encarregado dos armazéns e sua família. Anos mais tarde, no início da década de 1930, a firma CR&F, procede à mudança dos seus armazéns para outro local situado mais além na direcção poente do cais do Ginjal. Com a deslocação do encarregado, todo o 1° andar ficou vago, vindo a ser arrendado a uns inquilinos que nele instalaram a “Pensão Bom Gosto” que ali funcionou até ao limiar dos anos 50.

 O prédio azul no Cais do Ginjal.

Com o encerrar da pensão, a empresa proprietária do imóvel, decidiu proceder a obras de remodelação do 1° piso, de modo a adaptá-lo para duas habitações sendo aberta na fachada defronte ao cais, uma porta com o n° 50, pela qual se subia por escada, ao 1° Esq°, enquanto a habitação do 1° Dt° manteve a antiga entrada pela porta localizada ao início do interior do corredor do Ginjal. (1)

maria bello, cais do ginjal, portugal, 2008

Em breve descrição, e segundo o testemunho de Júlia Capelo, o Pátio do Ginjal, situava-se nas traseiras do prédio sobranceiro ao rio, distribuído numa plataforma elevada junto ao sopé da escarpa da arriba fóssil.

Confinava com um outro patamar mais elevado, a que chamavam Quinta do “tio João” também com algumas casas onde viviam duas figuras populares do Pátio: o “tio João do Ginjal” e o “António Pescador” com sua família.

A Quinta do Tio João.
O Pharol n° 47, dezembro 2021

O seu acesso ao Pátio, era feito pela entrada do no 52 no cais do Ginjal, seguindo-se um corredor que finalizava em escadaria de pedra a que se seguiam dois lances de degraus em madeira até se chegar ao Pátio.

Corredor do Ginjal. De regresso, Manuel Abranches, 1953.
Plano Focal n° 4, Hemeroteca Digital de Lisboa

Há referências que desde o séc. XVII, já neste local existia um núcleo de pequenas habitações ocupadas por gente ligada sobretudo à faina de pesca no rio Tejo. (2)


(1) Luis Bayó Veiga, Maria Julia... O Pharol n° 47, dezembro 2021
(2) Idem

Tema: Ginjal

Leitura relacionada:
O Pharol n° 34, O Ginjal “porta a porta” 1a parte: Da “Fonte da Alegria” ao “Grémio”
O Pharol, n° 35 O Ginjal “porta a porta” 2a parte: Do “Grémio” ao “Corredor do Ginjal”
O Pharol n° 36, O Ginjal “porta a porta” 3a parte: Do “Corredor do Ginjal” ao “Ponto Final”

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