Almada. Rua Direita e Imagem: |
Tem um enquadramento na malha urbana, elevando-se no topo de um quarteirão, entre dois arruamentos, em frente à praça.
Almada, Camara Municipal, ed. Paulo Emílio Guedes & Saraiva, 11, década de 1900. Imagem: Delacampe |
Encontra-se, adossado a construções de menor importância arquitectónica e à Igreja da Misericórdia construção do mesmo porte. Tem uma planta irregular, em trapézio, com coincidência interior — exterior.
Os volumes são articulados: compostos por edifício principal e torre de planta irregular, com disposição da massa com tentativa de alcance de um equilíbrio entre a verticalidade da torre com a horizontalidade da fachada principal, conseguida com a inclinação grande dos telhados, a elevação do segundo piso e a distribuição da dupla escadaria.
A cobertura é feita em telhado de 4 águas, com subeira, pátio, e coruchéu. A frente está orientada a Oeste, com embasamento.
Os 3 pisos desenvolvem-se em torno da torre sineira (o que restou da igreja de Santa Maria, após o terramoto de 1755 e depois integrada no edifício dos Paços do Concelho), cujo sino tem gravado a data de 1795, relativamente descentrada do corpo do edifício, e assenta, em parte, sobre lajedo e cantarias; de 1 pano entre cunhais, com os registos marcados pelo ritmo horizontal de 3 séries de vãos sobrepostos; porta de acesso ao piso térreo.
Escada de acesso ao 2º piso, guarnecida por gradeamento, com dois patamares. A torre de estrutura compacta tem dois registos: o primeiro contem a maquinaria de relógio, com quatro mostradores visíveis em cada uma das faces da torre, colocados em aberturas circulares; vãos moldurados em alvenaria.
Brasão real sobrepujado à porta de acesso ao piso de cima. Remate das fachadas em cornija corrida e beiral. Flancos em grande parte adossados a outras construções, onde existe cantaria proveniente de antigas construções.
O interior é caracterizado por espaços diferenciados, com grande número de salas nos vários pisos. A iluminação é feita, apenas, através dos vãos existentes na fachada.
Inicialmente os Paços Municipais albergavam também uma prisão e um tribunal. Actualmente alberga o Gabinete da Presidente da Câmara Municipal, e os serviços de apoio à Presidente, bem como o Departamento de Informação e Relações Públicas. É uma propriedade pública de âmbito municipal.
Estima-se que a construção do edifício remonta ao século XVIII.
Cronologia do edifício dos Paços do Concelho
Datas — Características/Referências
Séc. XVII — gravura onde é representada a torre com aberturas para sinos, em dois pisos
Portogallo, Lisbona dal promontorio. Gravura executada por Terzaghi sobre desenho de Barbieri reproduzido de um original do século XVII. |
1795 — inauguração do edifício segundo a inscrição do sino do relógio com a data da fundição (oferta de D. Maria I)
1796 a 1830 — data provável de uma gravura onde o edifício da Câmara aparece ainda incompleto, faltando-lhe uma parte do lado direito
Lisbon from Fort Almeida [sic], Drawn by C. Stanfield from a Sketch by W. Page, Engraved by E. Finden, Fieldmarshal The Duke of Wellington |
1832 — nas gravuras após esta data o edifício aparece como existe hoje
Lisbon from Almada, Drawn by Lt. Col. Batty, Engraved by William Miller, 1830 |
1868 — o pelourinho que se situava no largo em frente, foi destruído quase na íntegra
1940 — inícios — realização de importantes obras no edifício
Escondidinho Boca de Vento, vista tomada da rua Trigueiros Martel, Mário Novais, 1946. Imagem: Fundação Calouste Gulbenkian |
1985 — iniciaram-se no edifício dos Paços do Concelho obras de transformação e beneficiação em algumas salas do piso térreo; trabalhos arqueológicos em torno de duas salas situadas na ala Sul do edifício
A sua tipologia é caracterizada por ser uma arquitectura civil, da época do Maneirismo, e com influência Pombalina. A torre e a porta do piso térreo têm traços classicizantes do Maneirismo, anteriores ao do resto do edifício.
Do Pombalino ressalta a estrutura do edifício, a simetria da fachada, ainda que não haja fidelidade rigorosa a este estilo, pela dissimetria existente entre os volumes da torre em relação ao edifício, que teria resultado do compromisso assumido pela estética do novo edifício camarário. (1)
(1) Graça, Filipe Alexandre Antunes, Eficiência Energética em Edifícios de Serviços no Concelho de Almada, Lisboa, Faculdade de Ciências e Tecnologia, 2011
Sem comentários:
Enviar um comentário