terça-feira, 18 de novembro de 2014

Caramujo, 24 de setembro de 1831

É noite. A lua em todo o seu esplendor illumina a praia do Caramujo, que se estende por detrás da longa fileira das casas que formam a povoação.

O Tejo em frente do Caramujo, Revista Illustrada, fotografia de A. Lamarcão, gravura de A. Pedroso, 1892.
Referencia: Toscano, Maria da Conceição da Costa Almeida, A fábrica de moagem do Caramujo património industrial
Imagem: Fernandes, Samuel Roda, Fábrica de molienda António José Gomes

Da esquerda o quadro vae terminar no agudo Pontal de Cacilhas.

Vista da Quinta do Outeiro, Caramujo e enseada da Cova da Piedade, Francesco Rocchini, anterior a 1895.
Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa

Da direita vê-se a meio da praia a pequena ponte que dá facil desembarque para os armazens de vinhos;

mais além ainda a praia e os rochedos, depois o terreno encurva-se, e apresenta a vista, como um alvo lançol, o estabelecimento de Valle de Zebro, e mais em distancia as casinhas do Barreiro, como outros tantos pontos esbranquiçados sobre o fundo escuro do horisonte.

Vista de Almada e Cacilhas (detalhe), Caramujo, enseada da Cova da Piedade, Charles Landseer, 1825.
Imagem: Instituto Moreira Salles

A noite está serena. O silencio é apenas interrompido pelo ruido das vagas, que magestosamente se desenrolam na areia.

Quem áquella hora e com aquelle luar escutasse o rouco marulho do patrio Tejo, facilmente imaginaria a voz de um velho acalentando uma creança.

Caramujo, ed. Paulo Emílio Guedes & Saraiva, 15, década de 1900.
Imagem: Fundação Portimagem

Mais perto percebe-se que ao rumor das aguas se reune o vozear baixo e entrecortado, que sae de um pequeno grupo de pessoas sentadas á porta do pateo da tanoaria de Jeronymo. (1)

Plano Hydrográfico do Porto de Lisboa (detalhe), 1847.
Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal


(1) Silva, Avelino Amaro da, O Caramujo, romance histórico original, Lisboa, Typographia Universal, 1863, 167 págs.

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