quarta-feira, 20 de julho de 2016

O grupo do Dragão Vermelho

Se observarmos o panorama cultural almadense, de meados do séc. XX, partindo das transformações urbanísticas, ao invés dos orgãos institucionais e seus equipamentos, podemos detectar acções paralelas.

Almada, Jardim Sá Linhares, ed. Postalfoto, 11, década de 1950.
Imagem: Delcampe, Bosspostcard

Figuram, nessa perspectiva, os cafés e as personagens locais, resultando da sua articulação um novo fragmento da iniciativa cultural: os eventos realizados no café Dragão Vermelho, entre 1959 a 1961.

Almada, Praça da Renovação, ed. J. Lemos, s/n, década de 1950.
Imagem: almaDalmada

Postos em cena por um grupo de artistas locais, com vista a introdução da arte moderna em Almada, esses eventos são aqui reconstruidos, através dos registos documentais da epoca e dos relatos de Alfredo Canana, Francisco Bronze e Louro Artur - três dos elementos que compõem o "grupo do Dragão Vermelho" [...]

Francisco Bronze.
Imagem: IMARGEM

No contexto local, e na segunda metade do séc. XX, com as implementações do Plano Parcial de Urbanização de Almada (1947), que surgem os primeiros indicadores do urbanismo moderno.

Plano Parcial de Urbanização de Almada (PPUA), Implantação do Cento Cívico, 1947.
Imagem: Ver Almada crescer: 10 anos do Museu da Cidade (catálogo)

Uma área emergente, que motiva um fluxo populacional, marca a fronteira com uma morfologia rural, descaracterizando a paisagem e destruindo parte das rotinas que se ligam ao lugar.

Romeu Correia e o Cais do Ginjal, Louro Artur.
Imagem: Programa Comemorações 25 de abril 2014

Também em consequência do processo de modernização, o centro da vila sofre um deslocamento da zona antiga para a zona moderna e o núcleo encontra-se agora na Praça da Renovação (actual Praça do M.F.A) [...]

Praça da Renovação, década de 1960.
Imagem: Delcampe

Inserindo-se numa paisagem que ainda tem muito de rural, marcada pela escassez de infraestruturas sociais, os cafés vão assumir um grande poder agregador; implicando a reformulação dos palcos das práticas quotidianas.

Jorge Norvick Pintura.
Imagem: IMARGEM

Nestes cafés, o convívio faz-se essencialmente entre as pessoas da terra e entre os vários tipos sociais encontram-se os jovens artistas que vão formar a grupo do Dragão Vermelho: Francisco Bronze, José Bronze, Jorge Norvick, José Zagallo, Louro Artur, Luiz Suarez, Peniche Galveias, e os colaboradores Alfredo Canana, Jaime Feio, P.e Antonio Leitão, e Sérgio Só [...] (1)


(1) Jani Maurício, O grupo do Dragão Vermelho, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2009

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