quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Vias terrestres

No termo de Almada, três vias sobressaíam, todas elas orientadas na direcção Este/Oeste. De Almada a Murfacém corria a estrada de Caparica, tendo como ponto intermediário mais importante Santa Maria do Monte. 

Embouchure de la Rivière Du Tage (detalhe), Nicholas De Fer, 1710.
RareMaps.com

Com a mesma orientação, com início um pouco abaixo de Cacilhas, um outro caminho seguia pelo Vale de Mourelos, ao encontro do anterior na zona envolvente do Monte de Caparica (A primeira via corresponde à estrada Almada que, desde há muito, une Almada à Trafaria, enquanto a segunda seguiria um trajecto próximo ao da actual via rápida de Caparica); mais a sul, ainda no mesmo sentido, uma terceira ligação saía de Corroios rumo à Sobreda.

Carta Topográfica Militar da Península de Setúbal, José Maria das Neves Costa, 1813 (detalhe)
Instituto Geográfico do Exército

Em volta da vila, uma série de caminhos secundários, entrecruzados por azinhagas, ligava capilarmente os núcleos agricultados, associando à vila lugares como Cabo da Vila, Campo, Alvalade, Almorouche, Benacidril, Pombal, Mutela, S. Simão.

De Coina irradiavam as vias que permitiam aceder ao espaço meridional da Península da Arrábida. Na periferia da vila, a estrada velha de Almada, que prosseguia para Setúbal com passagem por Azeitão, ramificava-se, assegurando a ligação a Sesimbra. Do término oriental da vila saía o caminho de Palmela.

Historical military picturesque..., George Landmann, Palmela vista da estrada da Moita, Estremadura.
Biblioteca Nacional de Portugal

Por terra, a vila comunicava ainda, a leste, com Barracheia e, a assegurando a ligação a Sesimbra norte, por um caminho lateral ao esteiro, com Romagem e Palhais. Na margem oposta unia-se igualmente a Palmeira.

As duas saídas do castelo, as portas de Azóia, a oeste, e de Azeitão (ou do Sol), a nascente, assinalavam simbolicamente o início dos dois braços em que podemos inscrever as linhas nucleares do povoamento do concelho: a ligação a Azeitão que se prolongava no «caminho que vai pelas aldeias» até Camarate, e a estrada para Santa Maria do Cabo, com passagem em Zambujal e Azóia.

Carta militar das principaes estradas de Portugal (detalhe), Lourenço Homem da Cunha de Eça, 1808.
Biblioteca Nacional de Portugal

De Santana saía, ainda, o acesso para a povoação acastelada e para a Ribeira de Sesimbra . Da referida porta do Sol, uma calçada conduzia igualmente à zona ribeirinha.

Sesimbra, tinha em Santana a charneira do eixo viário que atravessava longitudinalmente todo o concelho.

Carta chorographica dos terrenos em volta de Lisboa  (detalhe), 1814.
Biblioteca Nacional de Portugal

Esta trama viária era fechada a ocidente por um longo caminho que, partindo das imediações do Monte de Caparica, acompanhava a orientação da linha de costa e serviria lugares como a Adiça e a lagoa de Albufeira, antes de atingir Alfarim. (1)



(1) José Augusto C. F. Oliveira, Na Península de Setúbal, em finais da Idade Média: organização do espaço, aproveitamento dos recursos e exercício do poder, 2008

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S. Simão das Barrocas

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