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Fountain at village outside Lisbon (Mutela?), 1906. Imagem: Ecomuseu Municipal do Seixal |
[...] quem tiver vinhas e herdades que entestarem nos caminhos do concelho que fação as testadas dos seus valados e cortem os seus silvados e mattos de maneira que os caminhos sejam livres e dezempachados [...]
[...] os caminhos do concelho, e nos vallados das ditas havia muntos mattos silvados de maneira que tapão os caminhos e o sujão de maneira que não podem andar neles [...] (1)
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A topographical chart of the entrance of the river Tagus (detalhe), W. Chapman, 1806. Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal |
A situação de Portugal nesta epocha [1807] era bem lastimosa; não havia estradas; o estado dos caminhos, em geral, mau ou pésssimo, tinha-se tornado perigoso pelo rigoroso inverno; chuvas copiosas, tresbordo de rios e ribeiras, grandes innundações haviam assolado o paiz, tornando difficil, penosa e arriscada a marcha das tropas; (2)
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Carta militar das principaes estradas de Portugal (detalhe), Lourenço Homem da Cunha de Eça, 1808. Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal |
A cituação e a commodidade que offerece o porto de Cassilhas de toda a hora se encontrar maré, condição unica que não acha nos outros portos da margem esquerda do Tejo
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Lisboa, Vista tomada de Cacilhas, ed. Martins/Martins & Silva, 7124, década de 1900 Imagem: Delcampe |
fariam da Villa de Almada hum ponto mais interessante para a circulação do commércio interior do Alentejo do que Mouta ou mesmo Aldea Gallega,
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Carta chorographica dos terrenos em volta de Lisboa (detalhe), 1814. Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal |
se as estradas fossem melhores, ou antes se houvessem estradas de comunicação, pois que passado o recinto da Villa, os caminhos para toda a parte são pessimos, não offerecem senão estorvo ao transporte, por serem antes trilhos do que estradas reais. (3)
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Lisbonne son port, ses rades et ses environs avec une petite carte routière du Portugal (detalhe), 1833. Imagem: Biblioteca Nacional de Portugal |
[...] no Diccionario Chorographico publicado em 1878, Agostinho Rodrigues de Andrade estabelece uma classificação das diferentes vias.
Assim, são de primeira ordem as estradas reais (de primeira e segunda classe), enquanto nas de segunda ordem inclui os caminhos municipais e vicinais.
No concelho de Almada este autor identifica estradas de segunda ordem que ligam a vila a Sesimbra à Trafaria e esta à Costa.
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Trafaria, Estrada da Costa, ed. Manuel Henriques, 16, década de 1900. Imagem: Delcampe |
Já no Seixal, apenas refere a estrada que liga a povoação a Sesimbra passando pela Arrentela.
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Companhia de laníficios da Arrentela, desenho Nogueira da Silva, gravura João Pedroso, 1858. Referências: Lugares do concelho do Seixal, Restos de colecção Imagem: Hemeroteca Digital |
Embora se concentre na freguesia de Caparica, a obra de Vieira Júnior, datada de 1897, refere diversas vias de comunicação, designando estradas reais e distritais. azinhagas e caminhos. sem no entanto as caracterizar.
Identifica como real a já referida estrada para a Trafaria, passando pelos lugares de Casas Velhas, Torrinha, Costas de Cão, Cova, Pêra e Valle de Meirinho.
Referindo as estradas distritais, o autor salienta a que atravessa a Chameca vinda do Arieiro como: "sendo esta o melhor lanço de estrada que existe em todo o concelho de AImada", de onde também parte a estrada para a Costa.
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A caminho da Costa da Caparica, João José Penha Lopes, 1921. Imagem:Arquivo Municipal de Lisboa |
No lugar da Torre entroncam as estradas que conduzem a Almada, à Charneca, ao Porto Brandão e à Trafaria.
No vale da Sobreda passa, segundo o mesmo texto, um caminho que conduz à estrada real, passando em Casas Velhas.
De Murfacém saem para a Trafaria "dois caminhos principaes, a estrada velha e o moderno accrescente da estrada districtal".
Por último, são ainda registadas duas azinhagas, uma "que do Salgado vae á Seixeira, Silveira, Urraca, e Ginjal (Monte), até ao Bicheiro pela estrada real" e outra "de Poçolos ao sitio das Casas Velhas, pelo caminho a da 'Formiga', se volta ao 'Monte' propriamente dito". (4)
Em 1862, a rede de estradas existente e projectada é classificada em 1.ª classe, estradas reais (com origem directa ou indirecta — travessias fluviais p. ex. — em Lisboa), 2.ª classe, estradas distritais, e estradas municipais, estas últimas geridas pelos munícipios.
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Estudo, construção, reparação e conservação das estradas ordinárias, Escola do Exército, 1897 — 1898 |
Com a abolição da monarquia em 1910, as estradas Reais foram renomeadas estradas nacionais.
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Corpo do Estado Maior do Exército, assinaladas a Estrada Distrital 156 e a Estrada Real 79, 1902. Imagem: IGeoE |
Em 1913, as estradas distritais foram também renomeadas estradas nacionais. (5)
(1) Posturas da Câmara Municipal de Almada, 1750, referenciado e documentado em Silva, Francisco Manuel Valadares e, Ruralidade em Almada e Seixal nos séculos XVIII e XIX, Imagem, Paisagem e Memória, Lisboa, Universidade Aberta, 2008, 271 págs.
(2) Fonseca Benevides, Francisco, No tempo dos francezes, Lisboa, A Editora, 1908, 319 págs.
(3) AHMOP, Memoria Económica da Vila d'Almada, e seu Termo, 1835, referenciado e documentado em Silva, Francisco Manuel Valadares e, Ruralidade em Almada e Seixal nos séculos XVIII e XIX, Imagem, Paisagem e Memória, Lisboa, Universidade Aberta, 2008, 271 págs.
(4) Silva, Francisco Manuel Valadares e, Ruralidade em Almada e Seixal nos séculos XVIII e XIX, Imagem, Paisagem e Memória, Lisboa, Universidade Aberta, 2008, 271 págs.
(5) Fonte: Wikipédia
Referências:
Andrade, Agostinho Rodrigues de, Dicionário corográfico do reino de Portugal, Coimbra, Imp. da Universidade, 1878, 254 págs.
Júnior, Duarte Joaquim Vieira, Villa e termo de Almada: apontamentos antigos e modernos para a história do concelho, Typographia Lucas, Lisboa, 1896.
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