O pior aconteceu a 4 de Maio, em Haymarket Square quando explodiram várias bombas, numa altura em que estavam reunidas 15000 pessoas.
Anúncio da manifestação em Haymarket, 1886 Fonte: Haymarket Riots |
Morreram 38 operários, 115 ficaram feridos, um polícia morreu e 70 ficaram feridos.
As perseguições contra anarquistas iniciadas pelo comissário Michael Schaack não se fizeram esperar.
Os nomes de August Spies, Michael Schwab, Oscar Neebe, Adolf Fischer, Louis Lingg, George Engel, Samuel Fielden e Albert Parsons passaram a ser notícia de primeira página.
A 11 de Novembro de 1887 era executada a sentença contra os condenados à morte. Spies, Parsons, Fischer e Engel foram enforcados.
Lingg suicidou-se no dia anterior. Os outros acusados sofreram nas prisões durante vários anos.
Para a memória ficaram os discursos que os acusados proferiram no tribunal.
... para o movimento operário internacional, a data do Primeiro de Maio converteu-se num dia de comemoração para recordar os “Mártires de Chicago” e para reivindicar a jornada de oito horas de trabalho. (1)
Il quarto stato, Giuseppe Pellizza da Volpedo, 1901 Imagem: Museo del Novecento |
No dia 23 de abril de 1919, o Senado francês ratificou as 8 horas de trabalho e proclamou o dia 1.º de maio como feriado, e um anos depois a Rússia fez o mesmo.
No calendário litúrgico celebra-se a memória de São José Operário por tratar-se do santo padroeiro dos trabalhadores.
Em Portugal, os trabalhadores assinalaram o 1.º de Maio logo em 1890, o primeiro ano da sua realização internacional.
Mas as ações do Dia do Trabalhador limitavam-se inicialmente a alguns piqueniques de confraternização, com discursos pelo meio, e a algumas romagens aos cemitérios em homenagem aos operários e ativistas caídos na luta pelos seus direitos laborais.
Com as alterações qualitativas assumidas pelo sindicalismo português no fim da Monarquia, ao longo da I República transformou-se num sindicalismo reivindicativo, consolidado e ampliado.
O 1.º de Maio adquiriu também características de ação de massas.
Até que, em 1919, após algumas das mais gloriosas lutas do sindicalismo e dos trabalhadores portugueses, foi conquistada e consagrada na lei a jornada de oito horas para os trabalhadores do comércio e da indústria.
Mesmo no Estado Novo, os portugueses souberam tornear os obstáculos do regime à expressão das liberdades.
Diário de Lisboa, edição mensal, maio de 1933 Imagem: Hemeroteca Digital |
Em Lisboa, tranquilidade.
A nota oficiosa do dia emanada do Governo diz:
"O dia 1.° de Maio decorreu com absoluta tranquilidade em todo o país.
Apenas em Lisboa, cêrca das 17 horas no Largo do Chafariz de Dentro, explodiu uma bomba de choque, não causando ferimentos.
A polícia efectuaou, por este motivo, a prisão de alguns indivíduos suspeitos.
Todas as classes trabalharam normalmente."
Não houve greves, e em todo o país tudo decorreu em sossêgo.
Diário de Lisboa, edição mensal, maio de 1933 Imagem: Hemeroteca Digital |
As greves e as manifestações realizadas em 1962, um ano após o início da guerra colonial em Angola, são provavelmente as mais relevantes e carregadas de simbolismo.
Nesse período, apesar das proibições e da repressão, houve manifestações dos pescadores, dos corticeiros, dos telefonistas, dos bancários, dos trabalhadores da Carris e da CUF.
No dia 1 de Maio, em Lisboa, manifestaram-se 100 000 pessoas, no Porto 20 000 e em Setúbal, 5000.
Ficarão como marco indelével na história do operariado português, as revoltas dos assalariados agrícolas dos campos do Alentejo, que tiveram o seu grande impulso no 1.º de Maio de 62.
Mais de 200 mil operários agrícolas que até então trabalhavam de sol a sol, participaram nas greves realizadas e impuseram aos agrários e ao governo de Salazar a jornada de oito horas de trabalho diário.
Claro que o o 1.º de Maio mais extraordinário realizado até hoje, em Portugal, com direito a destaque certo na história, foi o que se realizou oito dias depois do 25 de Abril de 1974. (2)
Almada, 1 de maio, Vitor Soeiro, 1974 Imagem: Cibersul |
Almada, 1 de maio, Vitor Soeiro, 1974 Imagem: Cibersul |
(1) Basterra, Mauricio, CNT, Confederación Nacional del Trabajo, traduzido em Portal Anarquista
(2) euronews
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