quarta-feira, 4 de junho de 2014

Pátio do Prior

À Boca do Vento, do lado sul, fica o Pátio do Prior, assim chamado por as suas casas terem pertencido a D. António, Prior do Crato.

Herdara-as de seu pai D. Luís, Duque de Beja e donatário de Almada, que consta ter ordenado a sua construção. (1)

Pátio do Prior, Júlio Diniz, década de 1950.
Imagem: Visita Virtual Rotas de Almada

A figura de D. António o prior do Crato (1531-1595) despertou interesse e paixões entre historiadores e escritores, refletindo em uma vasta bibliografia [...]

Tal interesse reside no fato que D.António foi um dos protagonistas de um dos momentos mais simbólicos para a memória portuguesa: a crise dinástica e o seu desfecho na União das Coroas Ibéricas (1580-1640).

Filho de D.Luís, irmão de D.João III, teve uma esmerada educação marcada pela influência humanista.

Como nobre acumulou títulos e privilégios, entre eles o priorado do Crato em 1555. 

Participou de missões no norte da África em 1568 e 1571, sendo governador de Tanger em 1574.

Lutou ao lado de D. Sebastião em Alcácer-Quibir (1578). Após sobreviver retorna a Portugal lançando-se na disputa pela coroa contra Felipe II [...]

Pátio do Prior, Júlio Diniz, década de 1950.
Imagem: Visita Virtual Rotas de Almada

Após um período de esquecimento no XVIII os historiadores do século XIX deram prosseguimento à tradição dos Braganças referente ao prior do Crato.

N. Sra. do Cabo, painel de azulejos.

Para Alexandre Herculano, o prior do Crato era: "(...) um miserável, que só se colocou à frente das resistências, as quais dirigiu sem ordem, sem juízo e sem energia, porque não lhe chegaram os castelhanos ao preço por que lhes queria vender alma e corpo". (2)

A placa em pedra colocada sobre a entrada do pátio do Prior evoca os 300 anos da restauração da independência. Nela  pode-se ler:



Não consta, no entanto, que ele aí alguma vez tenha vivido ou sonhado com grandeza, ou independência.


(1) Pereira de Sousa, R. H., Almada, Toponímia e História, Almada, Biblioteca Municipal, Câmara Municipal de Almada, 2003, 259 págs.

(2) Coral, Carlos Jokubauskas, O último Avis: D. Antônio, o antonismo e a crise dinástica portuguesa (1540-1640), 2010, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, São Paulo.

Leitura relacionada:
Castelo Branco, Camilo, D. Luiz de Portugal neto do Prior do Crato, 1896, Chardron — Lello, Porto.
Archivo Pittoresco, vol. II n° 4, 1858, págs 30 — 32.
Archivo Pittoresco, vol. II n° 4, 1858, págs 37 — 39.
Archivo Pittoresco, vol. II n° 4, 1858, págs 52 — 55.
Archivo Pittoresco, vol. II n° 4, 1858, págs 59 — 61.
Archivo Pittoresco, vol. II n° 4, 1858, págs 74 — 76.
Archivo Pittoresco, vol. II n° 4, 1858, págs 91 — 93.
Archivo Pittoresco, vol. II n° 4, 1858, págs 107 — 109.
Archivo Pittoresco, vol. II n° 4, 1858, págs 138 — 141.

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