Suplemento ao jornal A Pátria publicado em 8 de outubro de 1922. Imagem: Correia, Romeu, Homens e Mulheres vinculados às terras de Almada |
Em 1923, a Câmara instalou um gerador de electricidade junto da Fonte da Pipa e fez, com a energia produzida, a elevação da água até um depósito situado no antigo baldio da vila, o Campo de São Paulo.
Almada, Vista Geral (tomada do Campo de S. Paulo), ed. desc., década de 1940. Imagem: Delcampe, Bosspostcard |
Depois, a água era conduzida, pela força da gravidade, até um chafariz construído no Largo do Catita.
Chafariz do largo José Alaíz, inaugurado em 1922. Imagem: Visita Virtual Rotas de Almada |
Simultaneamente foram feitas as ligações domiciliárias às famílias mais abastadas.
Em 1930 foram construídos mais dois chafarizes nas principais artérias.
O sistema, no entanto, era ineficaz, pois as constantes avarias do gerador impediam um abastecimento contínuo.
O depósito donde a água era elevada levava cerca de vinte e quatro horas a encher.
Todos os anos, ao registarem-se as primeiras vagas de calor, a água faltava.
Chafariz da Praça do Brasil, inaugurado em 1922. Imagem: Flores, Alexandre M., Almada antiga e moderna, Freguesia de Almada |
Desde as primeiras horas da madrugada, filas compactas de homens, mulheres e crianças, servindo-se de toda a espécie de vasilhas, esperavam o momento de adquirir alguns litros do tão indispensável líquido.
Chafariz do Largo do Catita, inaugurado em 1922. Imagem: Flores, Alexandre M., Almada antiga e moderna, Freguesia de Almada |
A instalação do gerador, em 1923, permitira a criação de uma pequena rede de iluminação pública.
Os candeeiros a petróleo foram retirados das esquinas, sendo instaladas 25 lâmpadas em Almada e 15 em Cacilhas.
A iluminação, porém, manteve-se com fraca intensidade e o fornecimento de energia sofria muitas interrupções devido, principalmente, a constantes avarias do gerador. (1)
Chafariz da Praça Velha, inaugurado em 1922. Imagem: Flores, Alexandre M., Almada antiga e moderna, Freguesia de Almada |
Alfredo Simões Pimenta (1881 -1964), depois da implantação da República veio residir para Almada, onde se popularizou como militante do Partido Democrático e inspector escolar.
Figura controversa, seria em breve o cidadão mais discutido do concelho.
Empreendedor, criou em Almada uma Escola Primária Superior cujo curso, de três anos, dava equivalência ao quinto ano dos liceus. Isto no início dos anos vinte, o que representava algo de importante sob o prisma educativo neste pobre e abondonado concelho.
Como presidente da Câmara Municipal de Almada, realizou melhoramentos espectaculares, tais como: um chafariz, no centro da vila, tendo quatro torneiras a jorrar água, e ainda a almejada electrificação.
Tradições de S. João em torno do Chafariz, Júlio Diniz, década de 1970. Imagem: Visita Virtual Rotas de Almada |
Um motor de água e uma geradora, colocados na Fonte da Pipa, operavam este prodigioso progresso, em 1922.
[...] quando da inauguração do chafariz da vila na então Praça do Brasil (que fora antes o Largo do Catita e, hoje, se chama Largo José Alaíz), ele, presidente da edilidade, caprichou por transportar para casa o primeiro barril de água, às costas.
E, ao executá-lo, o povo quiz igualmente transportar o presidente aos ombros até à sua residência, que se situava na Avenida Heliodoro Salgado.
Por esse tempo pôs também um barco na travessia do Tejo, a Finalmarina*, o primeiro cacilheiro movido a óleo, para facilitar estes transportes.
Tréa anos depois, foi aberto ao público um lavadoiro, na Boca de Vento, muito bem apetrechado, mesmo mui luxuoso para a época, pois até tinha dois espelhos bisautés para as lavadeiras fazerem a toilette (oh, espanto dos espantos naqueles loucos anos vinte), mas que carecia, por vezes, de água para as barrelas... (2)
Largo da Boca do Vento, José Artur Leitão Bárcia, antes de 1945. Burros de aguadeiros a caminho da Fonte da Pipa frente ao edifício do departamento de Administração Geral e Finanças da Câmara de Almada. Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa |
(1) Rodrigues, Jorge de Sousa, Infra-estruturas e urbanização da margem sul: Almada, séculos XIX e XX, 2000, 35 págs.
(2) Correia, Romeu, Homens e Mulheres vinculados às terras de Almada, (nas Artes, nas Letras e nas Ciências), Almada, Câmara Municipal de Almada, 1978, 316 págs.
* Finalmarina foi a draga envolvida no naufrágio do "Tonecas" em 1938. Seria, tavez, esse o cacilheiro movido a diesel referido no texto.
1 comentário:
O que, à primeira vista, pode parecer serem quatro chafarizes, são na realidade, apenas um, pois o atual Largo José Alaíz já foi conhecido por Praça do Brasil, Largo do Catita e Praça Velha.
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