Caparica, miradouro do Convento dos Capuchos, 1954. Imagem: Delcampe, Bosspostcard |
Como todos os apaixonados — loucos de amor por ela (sempre o eterno feminino!...), cegos de paixão, egoistamente têm procurado preserverá-la de quantos se possam aproximar, enamorar-se também, e envolver a sereia noutro ambiente que não seja o da primitiva rusticidade.
Exclusivismos de amor... Todos os sinceros amantes são exclusivistas...
Mas o leito da praia tem sete léguas.
A sereia expraia-se por sete léguas do mesmo areal, da mesma païsagem, do mesmo quadro.
Pode aqui formar-se um grupo de admiradores que perturbe o devaneio do poeta, a lucubração do artista, o sonho do azul, o romance da vaga — mas mais adianle, uns quilómefros mais adianíe, no mesmo quadro de séculos, no mesmo areal de sempre, a sereia espreguiça-se à vontade, chamando os seus apaixonados para mais longe... mais longe... e depois ainda mais longe... onde a sós, num mudo colóquio de amor, continue o devaneio, o sonho, o romance de encantamenio e de paixão...
Costa da Caparica, turistas, década de 1950. Imagem: Cocanha |
E entretanlo vem a multidão também extasiar-se perante a maravilha...
O poela e o artista descobriram e bradaram o mistério de beleza — a beleza eterna que só aos eleitos é dado desvendar.
Costa da Caparica, turistas, 1956. Imagem: Eulália Duarte Matos |
E a multidão acudiu a êsse brado e viu a coluna de espuma em curvas de sensual beleza, incensada de aromas, resplendente de luz — e quedou-se maravilhada.
Aquela era a beleza magestosa em que a natureza se diviniza...
Costa da Caparica, turistas, agosto de 1940. Imagem: Delcampe, Bosspostcard |
E a multidão rodeando a imagem, — o sonho, o devaneio, feitos luz, aroma e espaço — completou o quadro.
(1) Praia do Sol (Caparica): estância balnear de cura, repouso e turismo, Monografia de propaganda do Guia de Portugal Artístico, 1934, M. Costa Ramalho, Lisboa.
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