O Almadense, domingo 2 de dezembro de 1855. Imagem: Casario do Ginjal |
O escriptorio de "O Almadense" uma lojasita em Almada [Cacilhas], que Eduardo Tavares tinha alugado por uma nobre ostentação jornalistica, era situado no largo, junto da igreja, e servia para os redactores dormirem pelo tempo das festas do S. João e dos cyrios da Atalaia; no resto do anno estava fechada, e nunca houve exemplo de ir um assignante perturbar o silencio d'aquella moradia.
Cacilhas (Portugal), Largo do Costa Pinto, ed. Martins/Martins & Silva, 18, década de 1900 Imagem: Delcampe |
No vapor é que se tratava tudo, e no caes. nosso distribuidor era um burriqueiro; quando elle tinha mais que fazer, distribuiamos nós a folha por aquella rua de Cacilhas adiante, Nìcolau de Brito pelas casas da direita, eu pelas da esquerda, Roussado pelo melo da rua às pessoas que vinbam ou iam.
Rua Direita — Cacilhas, ed. desc., década de 1900 Imagem: Delcampe, Oliveira |
Eduardo Tavares, de lista de assignantes na mão, ia-nos indicando os numeros das portas onde deviamos bater, e o nome a quem era destinado o periodico.
Foi uma grande publicação. Só o que ali se moeu a camara de Almada por causa de um boi que entrara no cemiterio, por ver a porta aberta, e fora tasquinhando na relva que encontrou por aquelle campo dos mortos!
Almada (Portugal), Vista geral, ed. Martins/Martins & Silva, 30, década de 1900. Imagem: Delcampe |
Vimos n'isto um desacato horroroso; e Tavares, que já n'esse tempo se destinava à politica, deu aquella respeitavel camara as primicias da sua austeridade e intransigencia, que mais tarde no parlamento se téem feito sentir de vez em quando. (1)
(1) Júlio César Machado, Cláudio Lisboa, Empreza Editora Carvalho & C.a, 1852
Biografia de Eduardo Tavares
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